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Dia Mundial de Café? Eu vou é de Carrinho!

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Carrinhos de Café são imagens icônicas de uma Salvador tão singular - Projeto Salvador Vai de Cafézinho
Patrimônios culturais, vivos, do presente, os Carrinhos de Café fazem parte do que somos

No domingo passado, dia 14 de abril, a web foi à loucura com o Dia Mundial do Café. Foram postagens e mais postagens com fotinhas e montagens de coração com esse grão que acorda boa parte da população mundial. Para muitos, é impossível pensar a vida sem café. Tomar café é uma ação ritual que inaugura o cotidiano. É bebida, é termogênico para quem trabalha e para quem estuda e é, sobretudo, negócio. De caráter artesanal, biodinâmico, gourmet, agroecológico ou de preços que vão do mais caros aos mais baratos, o café se tornou sinônimo de mercado para todos os gostos e todos os bolsos.

Aqui, em Salvador, os negócios de café mais famosos têm qualidades itinerantes. Está ouvindo a zoada daí? Se ligue, eu tô falando é dos Carrinhos. Quando fechamos os nossos olhos e pensamos na Cidade da Bahia, o acarajé logo toma conta de nós. Mas, para quem vive Salvador, de verdade, do dia a dia, da labuta, do barril, esse fechar de olhos prenuncia um cheirinho de café e, de quebra, a melodia do hit do momento. Pelas bandas de cá, é difícil permanecer alheio a um Carrinho de Café.

Construídos em formato de trio elétrico e com som projetado para botar para lenhar, os Carrinhos nos lembram que, nem que seja por um momento do dia, a rua pode tornar-se casa [para mencionar Roberto DaMatta]. Por isso que sair para trabalhar sem, antes, tomar café não é motivo de preocupação por aqui. Haverá sempre um Carrinho por perto. Coloridos, repleto de elementos decorativos, quase sempre com pacotes de copinho Maratá, as quantidades de garrafas térmicas ou quente-frio [essa palavra genial que é tão nossa] estão nos carrinhos para que não esqueçamos da grandiosa capacidade criativa do baiano.

Ao olharmos de maneira distanciada, podemos achar que o único tipo de café que consta naquelas garrafas é o preto. Mas que bom que a gente se engana. Há Carrinhos em que os vendedores disponibilizam uma gama de possibilidades: tem café preto, tem café com leite, tem café com Nescau [ou Nescafé, como dizem em São Joaquim], tem café até com cachaça... E tem gente, cara-de-pau, que nem olha para isso e ainda pensa que inova quando bota o “gourmet” no produto que vende. Se saia! A mistura aqui é outro nível e todos os dias são o Dia do Café.

Patrimônios culturais, vivos, do presente, os Carrinhos de Café fazem parte do que somos. São partes de você, mesmo que você as negue [como disse Jorge Portugal]. É por isso a importância de lhes dar importância de homenagear essas “máquinas de ritmos” e de energia que só a gente tem.  Entre fotos e memes, a minha deferência é ao real. Obrigada a vocês que acordam de madrugada para estarem na rua às 6:00 da manhã, dando bom dia para quem mal acordou. Obrigada a vocês que com seus Carrinhos, cafés e músicas, fazem de Salvador um verdadeiro museu a céu aberto.

É por essas e outras que Salvador sempre será inexplicável. Viva o café, dos Carrinhos.

Edição: Gabriela Amorim