"Reafirmamos nossa luta coletiva, feminista e popular, fundamental para a construção de um projeto de Brasil soberano, popular e agroecológico". A partir de compromissos como este presentes em sua Carta Política, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) encerrou na tarde dessa sexta (06) o Encontro Nacional e Feira Camponesa das Mulheres do MPA. Ao longo de quatro dias, mais de mil mulheres de todas as regiões do Brasil e países vizinhos se reuniram em Salvador (BA) para discutir desafios, compartilhar experiências e apontar as lutas para o próximo período.
Com o tema "Abastecer, Lutar, Construir o Projeto Popular!", o encontro trouxe uma programação intensa e diversa, que incluiu mesas de debate, oficinas, rodas de conversa, atividades culturais e a Feira Camponesa, em que foram comercializados centenas de produtos artesanais e agroecológicos produzidos pelas mulheres em seus territórios. Para Jeiéli Reis, coordenadora do Coletivo Nacional de Gênero do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a atividade destacou o papel fundamental das mulheres na produção de alimentos e na luta política.
"Foram quatro dias de muita formação das mulheres, com uma diversidade muito grande de debates e vozes, com as mulheres se colocando para debater o feminismo camponês e popular, a produção de alimentos, a organização do poder popular desde os territórios. Mas, principalmente, a gente vê aqui a força do papel das mulheres na produção de alimentos, na organização da classe camponesa. Esse encontro demonstra que sem as mulheres organizadas a gente não tem conquista, a gente não tem luta", ressalta.
Para Leila Santana, da coordenação nacional do MPA, o Encontro é uma expressão da necessidade de articulação e unidade para fortalecer as lutas em torno da construção de um mundo justo e soberano para os povos, dentro e fora do país.
"Esse é o maior desafio que a gente tem a partir da construção nacional do MPA, mas principalmente a partir do Encontro Nacional de Mulheres - semear rebeldia para colher liberdade. A gente faz isso com muita luta, envolvendo campo e cidade, América Latina, a luta anti-imperialista, antirracista, antipatriarcal e anti-capitalista. Essa luta é grande e ela precisa de todas e todos nós", apontou a dirigente durante a mesa de análise de conjuntura do evento.
Diálogo com governo baiano
Durante a manhã da sexta, o Encontro recebeu a visita do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), que tomou café da manhã com as mulheres e saudou o evento acompanhado da primeira-dama, Tatiana Velloso; de Roberta Santana, Secretária de Saúde; Neusa Cadore, Secretária de Políticas para as Mulheres; e Fabya Reis, Secretária de Assistência e Desenvolvimento Social. No diálogo, Denilva Araújo, da coordenação nacional do MPA, destacou a importância da agroecologia e apontou a necessidade de condições para que as mulheres camponesas sigam produzindo alimentos saudáveis para garantir a soberania alimentar.
"Na Bahia, é necessário do fortalecimento da agroecologia a partir dos bioinsumos. Precisamos de investimento nessa área para que as mulheres consigam seguir produzindo alimentos em quantidade, com qualidade e diversidade. Além disso, é necessário fortalecer a produção de sementes crioulas, pois sabemos que as mulheres são as que plantam, colhem e cuidam", ressaltou a coordenadora.
Jerônimo destacou o compromisso do governo com o diálogo junto aos movimentos sociais e acolheu a pauta das mulheres camponesas, apontando que esta também busca ser a marca da sua gestão.
"Nós estamos aqui disputando um projeto de sociedade. Essa é minha pauta de governador. É a pauta do emprego, da terra, da água, é a pauta da habitação", afirmou.
Edição: Gabriela Amorim