Nesta quarta-feira (24), será iniciado o julgamento de José Alexandre Passo Góes Silva, no Fórum Augusto Teixeira de Freitas, em Cachoeira (BA). Ele vai a júri popular acusado pelo feminicídio de Elitânia de Souza da Hora, ocorrido em novembro de 2019. Movimentos e coletivos populares farão um ato em frente ao Fórum antes do início do julgamento, marcado para as 8h.
Elitânia era uma jovem liderança que compunha a Associação de Mulheres do Quilombo Tabuleiro da Vitória (AMQTVA) e estudava Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde integrava o Coletivo de Estudantes Quilombolas da UFRB – Osório Brito. Ela já tinha medida protetiva contra seu ex-namorado, José Alexandre, e já tinha prestado queixa contra ele por agressão e violência.
À época, o assassinato comoveu e mobilizou o país. O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a ONU Mulheres chegaram a publicar uma nota contra a violência contra mulheres. “Este crime, assim como os muitos feminicídios anteriores que tiraram a vida das mulheres, nos mostram o quão urgente é a necessidade de intensificar esforços e investimentos na prevenção da violência contra as mulheres”, afirmaram na nota.
Em 2020, foi criada a Semana Elitânia de Souza, realizada na UFRB e em comunidades de Cachoeira com o objetivo de denunciar as violências que atingem as mulheres negras e cobrar respostas pelo assassinato da jovem quilombola. A agenda é organizada pelo Instituto Odara, em parceria com o Coletivo Angela Davis, a Tamo Juntas, o Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL – UFRB), professoras e estudantes do curso de Serviço Social da UFRB e organizações políticas locais como a Rede Elas Negras Conexões, a Articulação de Mulheres Negras no Quilombo Engenho da Ponte e o Núcleo de Mulheres do Rosarinho.
Edição: Gabriela Amorim