Os professores e professoras das universidades baianas que são representadas pela Apub Sindicato seguem em estado de mobilização permanente, após novamente rejeitarem a proposta do governo federal de reajuste de 0% de reajuste para 2024 e 9% para 2025 e 2026 feita nas mesas de negociação com a categoria.
Outras rodadas de negociação e assembleia da categoria devem acontecer nas próximas semanas para avaliar as ações realizadas desde o dia 12 de março, data da última assembleia da categoria, e o cenário das negociações e de mobilização nacional.
A presidente da Apub Sindicato, professora Marta Lícia, explica que, nessa assembleia, os professores e professoras decidiram por manter o estado de mobilização permanente, realizando diversas atividades de pressão ao governo e ao congresso, bem como de informação à comunidade universitária e à sociedade como um todo. “Consideramos que nós estamos em processo de negociação, que o processo de negociação ainda não se encerrou”, completa.
Sobre a possibilidade de greve, ela explica que: “A greve é um dos instrumentos de mobilização da categoria, é uma ferramenta extremamente valiosa da classe trabalhadora de um modo geral e que é utilizada quando a categoria compreende que o processo de negociação está encerrado e que é preciso fazer uma pressão para que esse processo seja reaberto ou saia de uma correlação de força desfavorável para o/a trabalhador/a”.
Mesas de negociações
De acordo com a representante da Apub Sindicato, na última quarta-feira (10) e quinta-feira (11) aconteceram mesas de negociação para apresentação e discussão de propostas. A primeira mesa, realizada na quarta-feira, envolveu o governo federal, fóruns que representam os servidores públicos federais e o fórum que representa as carreiras típicas de Estado.
“Nessa mesa houve novamente a rejeição da proposta de 0% de reajuste para 2024 e 9% para 2025 e 2026. Não há acordo, obviamente, em relação a essa proposição do governo e foi discutida também a necessidade de formalização do aceite da proposta do governo em relação ao aumento do auxílio transporte, creche e saúde”, conta Marta.
Já na quinta-feira, foi realizada a primeira reunião do grupo de trabalho na mesa específica de negociação sobre a carreira, com a participação de entidades que representam os professores e os servidores técnico-administrativos. Até o próximo dia 06 de maio novas reuniões acontecerão pautando as reivindicações da categoria.
“Nesse intervalo ocorrerão reuniões específicas tanto com os técnicos quanto com os docentes. A reunião sobre a carreira docente já tem data, vai ser 19 de abril. Momento em que vai ocorrer a discussão das propostas de reajuste e reestruturação das carreiras”, destaca.
A previsão do sindicato é que as mesas específicas de negociação com o governo federal continuem ocorrendo durante o semestre com desdobramentos em maio e junho deste ano.
Estado permanente de mobilizações
A Apub Sindicato representa os cerca de três mil professores da UFBA e tem filiados na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), no Instituto Federal da Bahia (IFBA) e no campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Durante este período de mobilização permanente, iniciado na última assembleia do sindicato, dia 12 de março, as mesas de negociações continuam debatendo com o governo federal na busca por resolutivas para as demandas da categoria, enquanto a categoria se articula dentro de sua própria organização para esclarecer para a comunidade dentro e fora da universidade sobre as demandas da classe.
“A mobilização acontece dentro da nossa categoria e acontece fora dela. Nós temos feito conversas no legislativo aqui na Bahia, no legislativo em Brasília, nós temos feito conversas com pessoas chave do governo para que a nossa proposta de reestruturação da carreira, de recomposição salarial e de recomposição dos orçamentos seja devidamente compreendida e que a gente tenha força para [que], nas mesas de negociação, elas sejam cumpridas”, explica Marta.
Desde março, os docentes já realizaram duas paralisações, com a realização de atos públicos, o primeiro no dia 22 de março, na Praça das Artes da UFBA, e o segundo no dia 03 de abril, na Praça da Piedade. Nessas ocasiões, a presidente do sindicato destaca a adesão de cada vez mais professores e o diálogo com outras entidades da comunidade UFBA, em prol de demandas coletivas.
“A mobilização do dia 22 de março ocorreu na Praça das Artes e contou com o microfone aberto para os técnico-administrativos, estudantes e docentes. A mobilização do dia 3 de abril já foi um avanço, porque a Apub construiu a atividade conjuntamente com outras entidades. Foi uma ação da Assufba, Apub e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional (Sinasefe). E a gente vem no crescente do ponto de vista de realizar atividades conjuntas e de dialogar a respeito do que é a pauta geral, a pauta comum e do que são as pautas específicas de cada categoria, respeitando os seus processos e a sua autonomia”, disse.
A presidente da Apub Sindicato destaca que, em comum, as categorias têm a defesa da necessidade de recomposição do orçamento das universidades para melhorar as condições de trabalho dos docentes, técnicos administrativos e profissionais terceirizados e as condições de estudo e permanência dos estudantes.
No próximo dia 25 de abril, uma nova assembleia será realizada entre os professores para que novas ações e ferramentas sejam propostas para incrementar o calendário de mobilizações. “No dia 25 de abril nós vamos avaliar as mobilizações que fizemos e definir também os nossos próximos passos”.
Edição: Gabriela Amorim