Bahia

Privatização

Trabalhadores da Unigel protestam no CAB para cobrar audiência com o governador

Acordo firmado com a Petrobras não foi operacionalizado; trabalhadores temem demissão em massa

Salvador |
Protesto de trabalhadores no CAB reivindicou reunião com governador do estado - Divulgação/Sindiquímica

Os trabalhadores da Unigel, petroquímica que desde 2019 é responsável pelas fábricas de fertilizantes de Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), realizaram uma ocupação na terça-feira (27), em frente à Secretaria de Segurança Pública (SSP), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde o governador Jerônimo Rodrigues está despachando temporariamente, por conta de reforma na Governadoria.

Os trabalhadores reivindicaram uma audiência com o chefe do executivo baiano, para discutir os problemas que enfrentam os mais de 600 funcionários diretos e indiretos que sofrem com a paralisação das atividades de produção de fertilizantes, desde que a Unigel anunciou dificuldades operacionais, em 2023.

Apesar de, em dezembro de 2023, a Petrobras ter anunciado um contrato com a Unigel para garantir a continuidade do funcionamento da fábrica, no último dia 20, a Unigel fez um pedido de recuperação extrajudicial com apoio de seus credores.

A empresa afirma ter acumulado prejuízos de R$ 1,05 bilhão, devido à conjuntura global de queda da rentabilidade do setor petroquímico, com o aumento dos custos de produção e da cadeia de suprimentos, especialmente o gás natural, além da concorrência de produtores químicos mundiais, como a China e os Estados Unidos.


Trabalhadores temem demissão em massa, após Unigel anunciar pedido de recuperação extrajudicial / Divulgação/Sindiquímica

De acordo com o Sindiquímica, sindicato que representa os trabalhadores da unidade, a situação destes ficou ainda mais insegura em novembro de 2023, quando a Unigel colocou centenas de funcionários em aviso prévio, alegando que o custo do gás fornecido pela Petrobrás torna o preço final do produto (fertilizantes) impraticável junto aos preços do mercado internacional, não justificando a operação da planta na Bahia.

O acordo assinado em 29 de dezembro de 2023, previa um acordo para industrialização por encomenda (Acordo de Tolling), o que fez a Unigel voltar atrás nas demissões. Segundo o Sindiquímica, no entanto, o acordo ainda não foi operacionalizado pela estatal.

O sindicato destaca que a produção de fertilizantes no Brasil tem sido uma pauta estratégica para o governo federal, que quer garantir segurança no suprimento do país. Por outro lado, o Sindiquímica aponta que a indecisão em relação à Unigel na Bahia gera um desgaste psicológico e emocional, não apenas para os trabalhadores da Unigel, mas também para toda a cadeia produtiva que acaba sendo afetada.

“Ao longo do ano de 2023, a diretoria do Sindiquímica já vinha buscando o diálogo com representantes da Petrobras, do governo da Bahia e do governo federal, parlamentares e da própria Unigel, cobrando o retorno das operações da fábrica e a garantia da manutenção dos postos de trabalho”, assegura José Pinheiro, diretor do Sindiquímica Bahia.

O diretor afirma que a preocupação Sindiquímica Bahia, enquanto entidade que defende os direitos dos trabalhadores, é a garantia imediata dos postos de trabalho. “Independentemente da solução encontrada, lutamos para que todos os trabalhadores sejam aproveitados e a indústria da Bahia não seja prejudica, por isso contamos com o apoio do governador do estado”, completa Pinheiro.

Edição: Gabriela Amorim