O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) publicou nesta sexta-feira (09), no Diário Oficial do Estado, a abertura do processo de patrimonialização do Bloco Mudança do Garcia. O primeiro registro de sua saída pelas ruas do Garcia data de 1926, sendo possivelmente o bloco mais antigo da cidade de Salvador ainda em atividade.
O bloco sem cordas sai sempre na segunda de carnaval e é conhecido pela presença marcante de protestos políticos em cartazes e fantasias irreverentes. Este ano, ele ganha as ruas do bairro a partir das 15h45 do dia 12. Os movimentos e organizações populares costumam se encontrar no Garcia para levar suas reivindicações às ruas também durante a festa.
Uma das lendas sobre o surgimento do bloco conta que uma prostituta foi expulsa do bairro em uma segunda-feira de carnaval. No ano seguinte, montou-se um bloco com instrumentos percussivos e de sopro levados em carroças em protesto à expulsão. Uma outra versão dessa mesma história, conta que o responsável pela expulsão teria sido o pai do sambista Riachão.
Na versão mais oficial, o bloco teria surgido com o nome de Arranca-Tocos, criado por ex-policiais. Depois, passou a ser chamado de Faxina do Garcia e, na década de 1950, teria ganhado o nome definitivo de Mudança do Garcia.
Seja como for, o bloco se firmou como espaço de brincadeira e crítica popular durante o carnaval de Salvador. Atualmente, chega a reunir centenas de milhares de pessoas de todas as idades. Desde 2014, o percurso realizado pelo Mudança do Garcia foi oficializado como circuito Riachão, em homenagem ao sambista que nasceu no bairro em 1921.
Edição: Gabriela Amorim