Após dez anos do assassinato do jovem Carlos Alberto Júnior, de 22 anos, morto em uma ação da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) no Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador, será realizada a terceira audiência de instrução no processo. Respondem à acusação de homicídio duplamente qualificado, cometido por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima os policiais Jefferson França, Diego Luiz Silva e Iapuran Cerqueira Junior.
Nesta terceira audiência, na quinta-feira (07), no Fórum Criminal de Sussuarana, devem ser ouvidas as últimas testemunhas de acusação a falar no processo. A seguir, inicia a fase de oitivas das testemunhas de defesa dos policiais.
Devido ao longo tempo transcorrido entre o assassinato de Júnior e o início das oitivas das testemunhas, algumas delas não foram mais encontradas em seus endereços e, portanto, não poderão testemunhar.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 13 de junho de 2013, na localidade conhecida como Olaria, no Complexo do Nordeste de Amaralina. A PM afirma que uma guarnição da 40ª Companhia Independente de Polícia Militar (40ª CIPM) foi chamada porque haveria um grupo de homens entorpecentes na região.
Ainda de acordo com a PM, ao chegarem ao local, os agentes foram recebidos a tiros. A morte de Júnior foi registrada como um Auto de Resistência. No entanto, testemunhas relataram que não houve troca de tiros e que a vítima pulou o muro de uma casa para tentar se proteger dos tiros, tendo sido perseguido e executado pelos policiais. Ainda segundo o relato de moradores, os policiais teriam colocado uma arma junto ao corpo do rapaz.
Rita de Cássia Souza, mãe de Júnior, conta que uma moradora ouviu os disparos e, preocupada com seu próprio filho, tentou chegar até o corpo para ver de quem se tratava, mas foi impedida e ameaçada de morte pelos policiais.
Após o crime, familiares, amigos e moradores do Nordeste de Amaralina realizaram inúmeros protestos para pedir justiça por Júnior e também por seu primo Joel, de 10 anos, baleado e morto dentro da própria casa em 2010, na mesma rua onde Júnior foi executado.
* Com informações do Instituto Odara.
Edição: Gabriela Amorim