Bahia

Novembro Negro

Quilombo dos Palmares em Alagoas reverencia a luta pela liberdade

Evento em Palmares marcou entrega de titulação de territórios quilombolas em Alagoas

União de Palmares (AL) |
Evento no quilombo de Palmares marcou entrega de titulação de territórios quilombolas - Claudia Correa

No Dia Nacional da Consciência Negra, segunda-feira (20), o maior quilombo das Américas, tombado como patrimônio nacional (IPHAN), celebrou a luta de resistência e pela liberdade dos heróis Zumbi, Dandara e Akotirene. O Parque Nacional Quilombo dos Palmares, em União de Palmares, a 80 km da capital alagoana, é espaço considerado marco da resistência dos escravizados entre 1597 e 1704, e chegou a agregar 20 mil pessoas.

O processo de tombamento internacional do Quilombo de Palmares, como patrimônio da humanidade, pela Unesco, será debatido com os órgãos governamentais e entidades sociais vinculadas à preservação do patrimônio e cultural.

O evento foi palco de apresentações culturais, manifestações religiosas de 23 terreiros de candomblé, grupos de capoeira e atos dos governos estadual e federal, com a entrega de títulos de terra e certificações para três comunidades quilombolas, duas de Pernambuco (Chapéu de Palha e Poço do Boi) e uma de Alagoas (Sítio Balde).

A Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura responsável pela preservação do patrimônio da cultura afrobrasileira, emitiu 103 certificações de reconhecimento entre janeiro e novembro de 2023, beneficiando 127 comunidades e 21 mil pessoas nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Tocantins, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Pernambuco.


Evento contou com diversas manifestações culturais no dia da Consciência Negra / Claudia Correa

Para o presidente da Palmares, João Jorge Rodrigues, a data simboliza a luta por liberdade e por direitos que se mantém até a atualidade e deve ser considerada feriado nacional breve pela importância do legado herdado dos heróis Zumbi, Dandara e Akotirene. "Somos os heróis de hoje, as organizações negras, blocos e afoxés, lideranças religiosas lutam por igualdade e democracia, combatem o racismo e a violência. O maior quilombo das Américas foi combatido por representar um projeto de nação livre, com igualdade para todos. É um dia da história do país, construído com a resistência dos povos indígenas, mestiços, negros", declarou.

Os representantes da Coordenação Nacional dos Quilombos (Conaq) Manoel dos Santos, da Coalização Negra, Vanda Menezes, e das comunidades de candomblé Pai Célio e Mãe Neide d'Oxum, apresentaram demandas para a melhoria das condições de vida das comunidades quilombolas nas áreas de saúde, educação e apoio à produção artesanal e de combate ao racismo religioso. A Coalização Negra entregou no evento um documento ao governo estadual com reivindicações aprovadas durante o encontro nacional realizado em Maceió entre 17 e 20 de novembro.

O mestre de capoeira alagoano Girafa cobrou ainda do governo estadual o ensino da capoeira na rede escolar, em cumprimento à lei federal 10.369/2003 que prevê a divulgação e valorização de temas da cultura afrobrasileira. O evento contou também com show do baiano Mateus Aleluia, rodas de capoeira e samba, cerimônias religiosas e feira de artesanato regional.

 

Edição: Gabriela Amorim