Na última quarta-feira (01), a direção da Proquigel emitiu comunicado ao Sindiquímica Bahia confirmando a paralisação das operações industriais da Unigel Agro BA, que desde 2021 arrendava a FAFEN-BA. Com isto, haverá o desligamento dos trabalhadores, que cumprirão aviso prévio trabalhado de 30 dias.
De acordo com o Sindiquímica, são 384 trabalhadores envolvidos no funcionamento da unidade produtiva, sendo 264 diretos e 120 indiretos, que devem ser desligados. A Proquigel alega que vem operando a unidade da Unigel na Bahia, produtora de fertilizantes nitrogenados da Petrobras, de forma deficitária desde o final de 2022.
Ainda de acordo com a empresa, o principal motivo é o alto custo do gás natural fornecido pela Petrobras que torna o preço final dos fertilizantes muito mais alto do que os preços praticados no mercado internacional. Há alguns meses, o Sindiquímica vinha buscando o diálogo com representantes da Petrobras, do governo da Bahia e do governo federal, cobrando o retorno das operações da fábrica e a garantia da manutenção dos postos de trabalho.
“A nossa preocupação enquanto sindicato que defende os direitos dos trabalhadores é a preservação dos postos de trabalho, com uma solução imediata que venha do governo da Bahia ou do governo federal, por meio da Petrobras, que pode retornar a operação com as Fafens. Independentemente da solução encontrada, queremos a garantia de que todos os trabalhadores serão aproveitados”, cobra José Pinheiro, diretor do Sindiquímica Bahia.
O sindicalista ressalta ainda que a situação de incerteza quanto ao futuro tem gerado ansiedade e outros transtornos entre os trabalhadores e familiares.
“Quando as refinarias e poços de petróleo foram vendidos durante o governo Bolsonaro gerou graves comprometimentos psicológicos para os trabalhadores que se deslocaram de suas cidades, com um número crescente de casos de depressão e até suicídio. Não podemos esperar que aconteça situação semelhante com os trabalhadores da Unigel”, alerta José Pinheiro.
Histórico
Fechada durante o governo de Michel Temer, em 2016, e posteriormente entregue à iniciativa privada, durante o governo de Jair Bolsonaro, a fábrica de fertilizante (FAFEN) foi arrendada para a Unigel por 10 anos, junto com a unidade de Laranjeiras, em Sergipe.
As unidades já estão paradas devido ao aumento no preço do gás natural e a redução dos preços da ureia, já que empresas estrangeiras comercializam o produto no Brasil com valor muito baixo, tornando a concorrência inviável e gerando prejuízos consideráveis. A operação do negócio está diretamente ligada ao custo da oferta de gás natural, principal matéria-prima com oferta exclusiva da Petrobras.
Atualização
Em nota, a Unigel informou que o envio do aviso prévio aos trabalhadores é uma medida protetiva que pode ser revertida a qualquer momento no período de 30 dias. A empresa acrescentou que continua em negociação com a Petrobras para viabilizar a operação da unidade na Bahia.
*Atualizado às 13h do dia 6/11, para incluir posicionamento da Unigel
* Com informações do Sindiquímica.
Edição: Gabriela Amorim