Bahia

Mulheres indígenas

Sessão homenageia a III Marcha das Mulheres Indígenas na Câmara Federal

Nesta edição, a marcha celebra o tema "Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais"

Brasília |
Sessão solene na Câmara Federal marcou início da III Marcha das Mulheres Indígenas - Claudia Correa

Por iniciativa da deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) a Câmara Federal promoveu uma sessão solene nesta segunda-feira (11), no Plenário da Casa para homenagear a III Marcha das Mulheres Indígenas, que acontece de 10 a 13 de setembro, em Brasília.

Nesta edição, a marcha celebra o tema "Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais" e é organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e as Mulheres Biomas do Brasil.

A sessão reuniu 500 mulheres indígenas de diferentes etnias. Uma comissão formada por lideranças protocolou um Projeto de Lei que cria legislação de combate à violência contra a mulher indígena. Trinta representantes indígenas de outros países como Estados Unidos, Peru, Nova Zelândia e Índia, marcaram presença, além da porta voz da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres no Brasil Anastasia Divinskaya.

A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, destacou a sua satisfação em presenciar o avanço das lideranças femininas na busca pelos seus direitos. “Estou muito feliz por essa audiência em homenagem às mulheres guerreiras, às mulheres biomas, às mulheres que colaboram de todas as formas para que o nosso Planeta esteja vivo. E é nessa linha que as mulheres indígenas estão aqui em Brasília, para colocarem suas demandas e continuarem contribuindo com o bem estar de todos os seres vivos. As mulheres indígenas fazem parte da sociedade brasileira e precisam ocupar cada vez mais espaços de decisão”, ressaltou Joenia.


MInistra Sônia Guajajara e deputada federal Célia Xakriabá estiveram na sessão solene / Claudia Correa


Discursaram na sessão as coordenadoras da ANMIGA e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), as deputadas federais Juliana Cardoso (PT-SP), indígena em contexto urbano, e Érica Kokay (PT-DF), as ministras da Mulher, Cida Gonçalves, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, a Secretária de Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves e o Secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba. Ele ressaltou o caráter pedagógico da Marcha das Mulheres Indígenas. “No meu estado, o Ceará, as mulheres têm sido vítimas de feminicídio dentro dos territórios indígenas, que essa marcha também sirva para educar os homens indígenas. São 523 anos de opressão, temos muito mais tempo aqui nessa terra, construindo esse país”, afirmou.

A ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara destacou a articulação para a defesa dos direitos indígenas. “Estamos aqui hoje para trazer as vozes diversas do Brasil, nós estamos trabalhando juntos, com muita articulação para provocar mudanças na sociedade, promover mudanças na institucionalidade para compreenderem que somos mulheres diversas, temos costumes, tradições diferentes.”, defendeu.

Lideranças indígenas apresentaram um panorama com as ameaças aos principais biomas brasileiros: Caatinga, Pampa, Mata Atlântica e Cerrado e indicaram demandas de suas comunidades.

Luzinara Xavante, do Mato Grosso, denunciou os crimes ambientais na sua região. “Sem cerrado não há vida, enfrentamos problemas, os idosos e crianças estão morrendo com os agrotóxicos. Nós mulheres dizemos não aos empreendimentos do agronegócio, as BR’s, pedimos socorro em favor de nosso povo, aos jovens peço que não desistam, essa luta no Brasil precisa de nós”, afirmou.

Regina Kaingang que apresentou as demandas dos povos indígenas do Rio do Sul, alertou para os crimes contra as mulheres e suas terras.  “Nossos corpos são nossos territórios, temos a força ancestral, das que já se foram na luta. Não queremos ser estatísticas, queremos respeito e a demarcação de nossas terras”, declarou.

III Marcha das Mulheres Indígenas

A III Marcha das Mulheres Indígenas conta com debates, lançamento de livros, grupos de trabalho e apresentações culturais na programação. O objetivo do encontro é conectar e reconectar a potencialidade das vozes das ancestralidades que são as sementes da terra, que compõem a rede ANMIGA, fortalecer a atuação das mulheres indígenas, debater os desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do Brasil.

Na manhã de segunda (11) foi lançada oficialmente a cartilha “Conhecendo os direitos básicos e construindo estratégias de enfrentamento às violências contra o nosso corpo território”. Em grupos temáticos, as participantes discutiram os eixos: Mudanças Climáticas, Biodiversidade, Sustentabilidade e Saúde Mental.

 

Edição: Gabriela Amorim