O espetáculo de dança Transiterrifluxório terá apresentações gratuitas neste sábado (5) e domingo (6), no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador. A sessão do domingo contará com audiodescrição permitindo o acesso comunicacional a pessoas cegas e com baixa visão.
Criado a partir do desdobramento de uma longa pesquisa em dança intitulada Contraespaço, realizada em 2015, sob o estímulo da intrigante arquitetura da iraquiana-britânica Zaha Hadid, o espetáculo Transiterrifluxório, do grupo Cláudio Lacerda/Dança Amorfa, dirigido pelo coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador pernambucano Cláudio Lacerda, inicia sua primeira circulação nacional.
Transiterrifluxório foi desenvolvido a partir da curiosidade pelas obras e modos de operar de Hadid, que tem em suas criações trabalhos radicais, ora cheios de curvas, ora com arestas pronunciadas convergentes e divergentes. Segundo o diretor, Cláudio Lacerda, responsável pela concepção do espetáculo, o grupo, que é formado ainda pelos bailarinos Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira e Stefany Ribeiro, trabalhou com a imaginação espacial, corporal e de movimento estimuladas pela dinâmica e pelas linhas existentes nas obras da arquiteta.
“Juntos, esses elementos nos propiciaram diferentes perspectivas em relação aos olhares internos, a sensibilidade alterada de nossas superfícies, modos de fricção entre nossos corpos, propostas de habitação nos diversos espaços que criamos em cena, sejam eles reais ou imaginados/ários. Também ampliou as possibilidades das nossas relações, de afetar e ser afetado, de desestabilizar e de apoiar, de se deixar levar e, por fim, de manter os pés bem plantados no chão”, explica.
Segundo o coreógrafo, essas apresentações em Salvador representam uma espécie de retorno para o local onde a pesquisa foi concebida quando foi objeto do doutorado no programa de pós-graduação em Artes Cênicas da UFBA, há alguns anos. "O espetáculo volta a esse ambiente agora bem mais amadurecido e com uma mobilidade de flutuação no elenco, pois naquela época éramos cinco bailarinos que no decorrer do percurso, por conta da maternidade de duas integrantes, precisou ser adaptado. Hoje somos quatro. Isso demonstra o quanto o trabalho foi desenvolvido respeitando a inteligência do próprio processo criativo e de pesquisa”, ressalta Cláudio.
Em cada prédio nos quais o grupo tem dançado, a exemplo da Igreja da Sé, em Olinda; a Faculdade de Arquitetura da UFBA, em Salvador; e o Sesc Petrolina, no sertão pernambucano; as limitações encontradas funcionaram como estimuladores, colocando a dança para sobreviver nesses espaços, em um diálogo no qual os bailarinos se nutrem deles e, simultaneamente, lhes dão vida, habitando-os.
Em cada ambiente, juntamente aos módulos de dança, – são usados 10 módulos, cada um com uma média de 5 minutos de duração –, também são exploradas instalações sonoras e possibilidades de projeções de vídeos com imagens editadas das filmagens in loco de prédios e objetos projetados por Hadid em Londres e Roma, captadas por Cláudio Lacerda, na ocasião do seu doutorado Sandwich na Inglaterra (Coventry University), no final de 2016.
Sobre o Grupo
O grupo Cláudio Lacerda/Dança Amorfa, dirigido pelo coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador Cláudio Lacerda, dedica-se à pesquisa de linguagem e à experimentação em dança contemporânea. Em atividade desde 1997, cada criação é desenvolvida através de processos de pesquisa nos quais novos vocabulários de dança são explorados, com uma preocupação tanto com o conceitual quanto com o artesanal.
Edição: Gabriela Amorim