Bahia

Privatização

Por que o preço da gasolina não deve baixar na Bahia mesmo após mudanças na Petrobrás

Após privatização da refinaria, a política de preços no estado deixou de ser atrelada à Pretrobrás

Salvador |
Acelen, criada pelo fundo Mubadala Capital, dos Emiradores Árabes, assumiu controle da Rlam - Divulgação

Desde o último dia 17, a maioria dos estados brasileiros passou a ter uma redução significativa nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha. Mas essa alteração de preços não chegou à Bahia nem ao Amazonas.

Para os demais estados, a diminuição se deu a partir da mudança feita pela Petrobrás na sua política de preços, chamada de Preço de Paridade de Importação (PPI). Esta atrelava os valores dos combustíveis no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional e ao dólar. Com isso, houve uma redução de 21,3% no valor do gás de cozinha e cerca de 12% na gasolina e no diesel.

Essa mudança, no entanto, não deve ser vista na Bahia nem no Amazonas, que tiveram suas refinarias, Landulpho Alves (Rlam) e Isaac Sabbá, respectivamente, privatizadas durante o governo de Jair Bolsonaro. Em nota, o Sindipetro-BA destaca que a Acelen, empresa que comprou a Rlam, já informou que não irá alterar sua política de preços, o PPI.

“A privatização da Rlam impede a redução dos preços dos combustíveis e fragiliza a economia baiana, pois o estado ficará vulnerável às flutuações do mercado. Se houver um acirramento da guerra na Ucrânia, por exemplo, e o preço do barril de petróleo disparar no mercado internacional, os preços da gasolina, gás e diesel também vão disparar aqui”, alerta Radiovaldo Costa, diretor de Comunicação do Sindipetro-BA.

Segundo o Sindicato, a inflação na Bahia tende a se manter em um patamar maior do que nos demais estados do país, uma vez que o preço do combustível afeta os preços dos alimentos. “Ao acabar com o PPI, a Petrobrás blindou o Brasil das flutuações do mercado internacional, já a Bahia pode ter sérios problemas e ver a desigualdade aprofundada em relação aos estados do Sul e Sudeste”, afirma Radiovaldo.

Privatização

A Refinaria Landulpho Alves (Rlam) foi vendida em 2021 pelo valor de US$ 1,65 bilhões ao grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes. De acordo com a Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), a Rlam valeria pelo menos o dobro desse valor.

À época, Sindipetro e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) denunciaram a transação ao Tribunal de Contas da União (TCU), que não viu irregularidades na privatização. Este ano, a FUP apresentou uma proposta ao governo federal de reestatização da unidade, mas não obteve resposta até o momento.

Após a privatização, Salvador (BA) passou a ter a gasolina mais cara entre as capitais do país e já sofreu com desabastecimento de gás de cozinha. Durante o processo de privatização, um dos argumentos utilizados pelo então presidente Jair Bolsonaro era que a privatização aumentaria a competitividade e geraria a queda dos preços dos combustíveis e gás de cozinha.

* Com informações da Ascom/Sindipetro

Edição: Gabriela Amorim