Contribuindo para a preservação da cultura e da memória da capoeira, Salvador ganhará um busto do saudoso Mestre Pastinha. A obra de arte foi feita pela capoeirista e artista plástica Cristina Maria Fazzito (Gandaia). O busto foi entregue na quarta-feira (19) à sede da Escola Capoeira Angola Irmãos Gêmeos de Mestre Curió (ECAIG), onde a obra ficará como acervo permanente.
O evento reuniu mestres e mestras griôs, capoeiristas e representantes de diversos grupos da sociedade organizada e foi realizado pelo coletivo Capoeira em Movimento Bahia (CMB) e ECAIG e conta com apoio do grupo Capoeira Oriaxé.
A artista plástica é capoeirista no grupo Oriaxé. Argentina, Cristina mora em Salvador desde 2014 e além de trabalhar com esculturas, também é educadora. Para esta obra, ela utilizou como matéria-prima o cimento cinza. A capoeirista é aluna dos mestres Gytaúna e Mago e contou que o feito é um presente de aniversário para Mestre Curió.
Memória e legado
Vicente Ferreira Pastinha, o Mestre Pastinha, nasceu em 5 de abril de 1889 e deixou como legado a difusão da Capoeira Angola. Sua história de vida e os ensinamentos motivaram outras pessoas a praticar a capoeira, que se difundiu Brasil e mundo afora se transformando em um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
Mestre Pastinha pregava a tradição, o jogo matreiro, de malícia, estilo que passou a ser conhecido como Angola. Pastinha é conhecido como o Mestre da Cultura Africana.
Discípulo de Mestre Pastinha, Jaime Martins dos Santos, o Mestre Curió, nasceu em Patos Pinhares (PB) e é filho de capoeiristas. Um dos baluartes da Capoeira Angola no mundo, desde a infância, ainda aos seis anos, Mestre Curió se aproximou da capoeira. Sua família representa uma tradicional elite da Capoeira Angola. São eles: o avô Pedro Virício, Curió grande; o pai José Martins dos Santos, Malvadeza; e a mãe Maria Bispo. Os conhecimentos adquiridos com a capoeira ao longo da sua vida já são difundidos em países como México, Suíça, Argentina, Iraque, Alemanha, Bélgica, Equador, Japão e Estados Unidos.
A roda de capoeira e o ofício dos mestres de capoeira foram registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônios culturais imateriais do Brasil, em 2008. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) conferiu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Edição: Gabriela Amorim