Bahia

Economia Solidária

Sul da Bahia inaugura primeira fábrica de chocolate da economia solidária

Empreendimento vai beneficiar prioritariamente assentamentos, comunidades indígenas e quilombolas produtoras de cacau

Salvador |
Primeira fábrica de chocolate da economia solidária irá beneficiar assentados, comunidades indígenas e quilombolas - Divulgação

A ChocoSol, primeira fábrica de chocolate da economia solidária na Bahia, se prepara para produzir seu primeiro lote comercial de chocolates para esta páscoa. A unidade produtiva funcionará também como uma fábrica escola, em uma parceria entre a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) e a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus.

Ela foi oficialmente inaugurada no último dia 06, com a produção de um lote para degustação. “A qualidade do chocolate produzido foi muito elogiada. A nossa meta agora é, com o cacau disponível dos empreendimentos desses pequenos agricultores, produzir ovos de páscoa para comercializar ainda no final desse mês”, conta Wenceslau Júnior, superintendente estadual de Economia Solidária da Setre.


Produção da Associação Embaúba, que passará a produzir seu chocolate na nova fábrica / Arquivo pessoal

Ele explica que a ChocoSol, que está implantada dentro do campus da UESC, vai funcionar também como uma fábrica escola. “Um espaço de socialização de saberes, de pesquisa para melhoria da qualidade do chocolate, ao mesmo tempo tem o papel de oferecer aos pequenos agricultores uma oportunidade para que possam melhorar a qualidade da amêndoa e produzir um chocolate de qualidade, melhorando a sua renda e agregando valor ao produto”, acrescenta.

Economia solidária

A fábrica irá priorizar a participação de assentamentos rurais, comunidades quilombolas e indígenas, que normalmente têm maior dificuldade de agregar valor ao seu produto. A princípio, serão atendidas as associações e cooperativas que já recebem assistência técnica dos Centros Públicos de Economia Solidária (Cesol) da Bahia. De acordo com o superintendente, tal assistência vai desde o plantio, passando pelo manejo das árvores, ao manejo da fermentação e, agora, chegando até o produto final do chocolate.

“Até então, boa parte dos agricultores familiares acabava vendendo a amêndoa, e nem sempre com uma qualidade elevada, por conta do manejo no pós-colheita”, diz Wenceslau Júnior. Ele acrescenta que, nesta cadeia, o processo de fermentação realizado após a colheita do fruto é fundamental para uma amêndoa de qualidade que, por sua vez, é fundamental para obter um chocolate de qualidade.

A Associação Embaúba de Produtores Orgânicos de Hortaliças e Cacau, na região de Itacaré, formada por agricultores e agricultoras assentados, será um desses primeiros empreendimentos a serem beneficiados pela inauguração da fábrica. Edimara Santos da Cruz, presidente da associação, conta que eles já recebem a assistência técnica do Cesol há alguns anos, o que tem auxiliado na melhoria da produção.


Edimara Santos da Cruz, presidente da Associação Embaúba, ressalta a importância da assitência técnica para a sua comunidade / Arquivo pessoal

“A fábrica vai nos ajudar de forma espetacular, porque vamos levar a nossa amêndoa e vamos sair com nosso chocolate pronto para vendas”, comemora. Ela destaca ainda que, com a ChocoSol, a fabricação do chocolate será mais barata para a associação e o produto final terá maior qualidade.

A princípio, a fábrica vai atender os municípios do território do Litoral Sul do estado, onde o Cesol já atua. Segundo Wenceslau Júnior, esse espaço pode ser ampliado posteriormente, desde que haja capacidade de produção da fábrica. Ele explica que outras associações e cooperativas da região que ainda não recebem assistência do Cesol podem buscar o órgão para solicitar esse acompanhamento. O pedido pode ser feito no próprio Cesol — Rua Marquês de Pombal, 223, Bairro Santo Antônio, Itabuna (BA), telefone para contato (73) 3027-0445.

O próximo passo, segundo o superintendente, é a incubação de uma cooperativa de produtores e produtoras que possa assumir todo o negócio que envolve a cadeia de produção, desde o plantio do pé de cacau, passando pelo manejo, a produção e a comercialização desses chocolates.

Edição: Alfredo Portugal