Na manhã de hoje (14) atingidos e atingidas por barragens de Jequié (BA) ocuparam as ruas da cidade em protesto contra as enchentes, por reparação e direitos. Em dezembro de 2022, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) abriu as comportas da Barragem de Pedra, inundando parte do município de Jequié. As famílias afirmam que seguem sem reparação de danos por parte da empresa até o momento.
Na época, a Defesa Civil da Bahia (Sudec) informou que a inundação deixou 500 desalojados, 109 desabrigados e 6.500 outros afetados diretamente ou indiretamente pela abertura das comportas. A Chesf alegou em nota que “desde o aumento do nível das chuvas no reservatório, foram enviados comunicados, cartas-circulares, boletins, releases à imprensa”.
A prefeitura de Jequié, no entanto, afirmou que a empresa comunicou sobre a abertura das comportas em menos de 24h, não restando tempo hábil para a remoção e realocamento das famílias. Os atingidos e atingidas, em marcha hoje, alegam que alguns imóveis tombaram com as águas e outros ficaram comprometidos pela inundação, ainda assim, muitas famílias voltaram a morar em locais sob risco de desabamento por não ter outra opção de moradia, sem o devido processo de reparação integral.
Em janeiro, a empresa foi condenada em uma ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado devido aos danos causados pela inundação em Jequié. A Justiça determinou à Chesf que a apresentasse imediatamente planos de segurança, de contingência e de recuperação das áreas afetadas pelo desastre.
Dia de Luta contra Barragens
14 de março é o Dia Internacional de Luta contra as Barragens e marca também os 32 anos de criação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que atua em todo o país em defesa dos direitos das pessoas que sofrem as consequências desses grandes empreendimentos, como é o caso das comunidades em Jequié.
Para marcar a data, o MAB promoveu diversos atos em todo o país. Durante as mobilizações, militantes do Movimento denunciaram a impunidade de empresas controladoras de barragens, como a própria Chesf, em Jequié, além de Vale, BHP Billiton, Samarco e Equinox Gold, responsáveis pelos grandes crimes ambientais no país. Os atos também reivindicaram a criação de políticas públicas e aprovação de projetos de lei em tramitação para a proteção dos direitos básicos dos atingidos e reparação a todas as vítimas de crimes cometidos por companhias que controlam as barragens no Brasil, além da proteção dos atingidos por eventos relacionados às mudanças climáticas.
Com informações do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Edição: Gabriela Amorim