Março começa com aromas das lutas da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, com o lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por Terra e democracia, mulheres em resistência!", e na madrugada desta quarta-feira (01), cerca de 120 Mulheres Sem Terra ocuparam a Fazenda Santa Maria, no município de Itaberaba (BA), na região da Chapada Diamantina.
A fazenda ocupada tem quase 2 mil hectares de terra improdutiva, há muitos anos abandonada e sem cumprir sua função social. Para Simone Souza, da Direção Estadual do MST, na Regional Chapada Diamantina, "nossa luta é em defesa ao direito de acesso à terra, a produção de alimentos saudáveis e comida na mesa do povo, pois a fome atinge 30% da população brasileira e 60% estão em situação de insegurança alimentar. Nessa Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, denunciamos também a violência contra a classe trabalhadora, contra indígenas, contra negros e negras".
Ocupar e resistir
Nas últimas semanas, outros latifúndios foram ocupados no território baiano, na segunda-feira (27), cerca de 1.700 famílias sem terra ocuparam quatro latifúndios, um deles foi a Fazenda Limoeiro, abandonado há 15 anos, localizado no município de Jacobina (BA), e outros três latifúndios de monocultura de eucalipto, pertencentes à empresa Suzano Papel e Celulose, localizados nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas.
Outra ocupação aconteceu no sábado de carnaval (18), quando cerca de 200 famílias ocuparam o perímetro irrigado do Projeto Nilo Coelho, no município de Casa Nova, regional norte baiano. Lá, as famílias reivindicam o cumprimento de acordo realizado em 2008 entre a Codevasf, Governo Federal, INCRA e MST para assentar 1.000 famílias.
Com as ocupações, as famílias sem terra reivindicam a desapropriação imediata dos latifúndios para fins de reforma agrária, tendo em vista que estas propriedades atualmente não estão cumprindo sua função social. Ao tempo, denunciam a grande concentração de terras por fazendeiros e empresas do agronegócio na Bahia, prática que contribui diretamente no aumento dos índices de desigualdade sociais, causa impactos ambientais irreversíveis, provocando um descontrole ambiental com chuvas torrenciais, enchentes, deslizamentos de terra, secas prolongadas e incêndios devastadores.
Para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o modelo de produção baseado na concentração de terra e no monocultivo é insustentável e não gera desenvolvimento. Sua prática causa danos sociais, culturais e ambientais são incalculáveis. Eliane Oliveira, da direção estadual do MST na Bahia, destaca que o território baiano sofre com a destruição sistemática dos recursos naturais, com o envenenamento do solo e o assoreamento de rios.