Bahia

Carnaval

Tradicional Afoxé Filhos de Gandhy espalha seu tapete branco da paz no carnaval de Salvador

Com tema Caboclo de Penas e Encourados, afoxé completa 74 anos de carnaval

Salvador |
O tradicional afoxé Filhos de Gandhy foi criado durante a ditadura militar por um grupo de estivadores de Salvador - Divulgação

O Afoxé Filhos de Gandhy, um dos mais antigos e mais importantes blocos da Bahia promete trazer novamente para a avenida o tapete branco da paz. Com o tema ‘Caboclo de Penas e Encourados’ o Filhos de Gandhy celebra 74 anos e desfila no carnaval de 2023 com fantasia assinada pelo artista plástico Pakapim.

O maior afoxé do mundo desfila neste domingo (19) e terça-feira (21) no circuito do Campo Grande, com concentração na Rua Chile, às 15h; e na segunda-feira (20), no circuito Barra-Ondina, com concentração às 13h, no Farol da Barra. O presidente do Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, não revela as novidades, mas diz das expectativas para o Carnaval 2023.

“A espera depois da pandemia é muito grande. As pessoas com ansiedade de voltar às festas momescas. Os associados participaram dos ensaios de verão mostrando um interesse muito grande em garantir presença também nesse carnaval”, declara Gilsoney que apesar de reconhecer a vontade do folião reconhece também os impactos econômicos da pandemia e estima que este ano deva desfilar com um público um pouco menor. “Devemos sair com 4 a 5 mil associados, menos do que no último carnaval”, declara ao ter consciência de que a pandemia afetou o bolso de muita gente.

Sob o comando da banda Gandhy, o filho ilustre Gilberto Gil é esperado no desfile no domingo ou na segunda, de carnaval. “Gil é um filho muito especial, e o Filhos de Gandhy é o bloco dele desde criança, quando ainda morava ali no Santo Antônio Além do Carmo”, relembra Gilsoney ao falar do encantamento de Gil com o afoxé e do apoio fundamental ao bloco em um momento difícil. “Gil é uma das pessoas por quem a gente tem muito respeito. Na década de 70, quando o Gandhy ficou sem sair, ele tinha acabado de voltar do exílio e nos deu a moral de retomada do afoxé às ruas”, relembra Gilsoney com gratidão.


Bloco vai desfilar nos circuitos do Campo Grande e Barra-Ondina / Divulgação

História


No ano de 1949, um grupo de amigos que trabalhava como estivadores do porto de Salvador decidiu colocar um bloco carnavalesco para desfilar nas ruas da capital baiana, mesmo com os problemas políticos da época. No primeiro dia, saíram apenas 36 participantes, apesar de ter mais de 100 inscritos. Todos estavam apreensivos com a reação da polícia, pois o Sindicato dos Estivadores estava sob intervenção governamental.

Durval Marques da Silva, conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu o nome Filhos de Gandhy ao bloco. Vavá explicou aos colegas a importância do líder hindu Mahatma Gandhi, que havia sido assassinado em janeiro de 1948, um ano antes. Assim nascia o “Filhos de Gandhy” e, em 1949, já desfilava pela primeira vez. Para evitar represálias, o fundador Almir Fialho sugeriu mudar a grafia do nome Gandhi, inserindo as letras “dh” e trocou o “i” por “y”, ficando Gandhy.

Desde a época de sua fundação até os dias atuais, o Afoxé, pioneiro da paz e com estilo próprio não parou de crescer. O grupo é um dos Afoxés mais procurados por turistas e baianos. Artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil são presenças marcantes na folia do bloco.

 

Edição: Gabriela Amorim