Bahia

Mineração

Após decisão judicial, comunidades desocupam estrada em Sento Sé

Comunidades seguem mobilizadas contra impactos da mineração em Sento Sé

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Polícia Militar fez a desocupação do bloqueio à rodovia BA-210 - CPT-BA

Moradores de comunidades tradicionais ribeirinhas de Sento Sé, que ocupavam um trecho da BA-210 desde o dia 30 de janeiro, foram surpreendidos durante o final de semana com um mandado de reintegração de posse. Policiais militares foram até o acampamento cumprir a decisão judicial que favoreceu a Tombador Iron Mineração. O desbloqueio da rodovia aconteceu sem nenhuma proposta ou negociação sobre a principal pauta do protesto, o asfaltamento de cerca de 100 quilômetros da estrada que liga onze comunidades à sede do município.

Foram 12 dias de intensa mobilização das comunidades atingidas pela mineração com o objetivo de chamar a atenção dos órgãos públicos para os problemas que a população tem enfrentado. No dia 7 de fevereiro, os manifestantes chegaram a enviar um ofício à Prefeitura solicitando uma audiência para tratar sobre o assunto. No entanto, a Prefeitura não deu retorno sobre o pedido.

“Não apareceu ninguém, nem prefeita, nem vereadores, nem [representante] do Governo do Estado. O sentimento é de muita indignação, para os nossos governantes nós somos invisíveis, ninguém liga se a gente sofrer um acidente. Os impactos causados por essa mineradora são horríveis e essa questão da estrada é urgente”, desabafou a professora Sônia Maria de Oliveira da comunidade Pascoal.


As famílias reclamam que não houve qualquer negociação com a mineradora, prefeitura ou governo do estado / CPT-BA

Essa indignação é um sentimento comum dos e das manifestantes. “Ficamos todos esses dias na beira da estrada, tomando sol, poeira na cara, esperando alguém para nos ajudar. Quem apareceu para nos receber foi a polícia e a oficial de justiça. Nós não temos ninguém por nós, só temos Deus”, comentou dona Maria Rosa Cruz, da comunidade Tombador de Cima.

A mobilização das comunidades ribeirinhas contra os impactos da Tombador Iron Mineração já dura mais de três anos. Durante esse tempo, a população tem denunciado, de diversas formas, os prejuízos socioambientais causados pela empresa e a piora na qualidade de vida das comunidades. Apesar da decisão judicial, que encerrou a ocupação na estrada, as comunidades prometem seguir em luta por direitos básicos até que sejam ouvidas.