Nesta quarta-feira (18), movimentos indígenas da Bahia se reuniram com a Polícia Federal e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para cobrar urgência na investigação sobre o assassinato dos jovens Pataxó Samuel do Amor Divino Braz e Nauí Brito de Jesus. A reunião aconteceu em área de autodemarcação da Terra Indígena (TI) Barra Velha, no Extremo Sul da Bahia, ainda em clima de luto e contou com a participação o Movimento Indígena da Bahia (Miba), Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) e Conselho de Caciques do Território Pataxó Barra Velha.
Na ocasião, os movimentos indígenas reivindicaram a presença da Força Nacional no território indígena para impedir o avanço da violência contra o povo Pataxó. Ainda na quarta-feira, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) instalou um Gabinete de Crise para atuar na região, com a participação da Funai, Ministério da Justiça, Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e governo do estado da Bahia.
O presidente do FINPAT, Cacique Aruã Pataxó, ressalta a importância da efetiva demarcação da TI Barra Velha para conter a violência. “Esperamos mesmo um posicionamento do Governo Federal, na Portaria Declaratória da Terra Indígena Pataxó Barra Velha. Assim, teremos melhores garantia e efetividade prática que os processos fundiários chegam em sua conclusão posterior, para a garantia dos direitos indígenas territoriais e cessem esses ataques contra a vida do nosso povo Pataxó”, explica.
Violência
Ele lembra ainda que esse quadro de violência contra o povo Pataxó se agravou desde setembro de 2022, quando um adolescente de apenas 14 anos, Gustavo Conceição da Silva, na aldeia Comexatibá, também território Pataxó. Em dezembro, a aldeia Quero Ver sofreu uma invasão, em que homens armados atiraram com armamento pesado contra a comunidade.
Na terça-feira (17), os jovens Samuel e Nauí trafegavam de moto em uma área de retomada do povo Pataxó próximo ao município de Porto Seguro, quando foram perseguidos e executados. A comunidade vinha solicitando uma presença mais efetiva do Estado no local e reclamava que o efetivo da Polícia Militar presente no local não era capaz de dar conta da cobertura das cerca de 20 localidades espalhadas por quatro municípios, Prado, Itamaraju, Porto Seguro e Itabela.
Cacique Aruã destaca que a inação do Governo Federal em 2022, após o primeiro assassinato na região, permitiu que a violência seguisse desse modo. E acredita que com a atuação mais assertiva do atual governo, que criou o Ministério dos Povos Indígenas, é possível que finalmente o povo Pataxó consiga viver dias melhores.
Edição: Alfredo Portugal