O surgimento de nova variante do vírus da Covid-19 volta a preocupar especialistas no Brasil e no mundo. A variante BQ.1, derivada da Ômicron, causou, na semana passada, um aumento de mais de 120% no número de casos no país, se comparada com a média móvel da semana anterior. Felizmente, essa variante até o momento não tem demonstrado provocar casos mais graves da doença.
A professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Glória Teixeira, reforça a importância de retomar os cuidados para não espalhar o vírus. “Felizmente, na Bahia, isso ainda não está acontecendo. Por isso mesmo, nós estamos aqui alertando a nossa população para a importância de manter o uso das máscaras, especialmente em lugares fechados e aglomerados, com ar condicionado”, afirma. Ela explica ainda que as máscaras funcionam como uma barreira que protege tanto quem está utilizando quanto as demais pessoas do ambiente.
Leia também: Covid pode voltar a crescer; boa notícia é que já sabemos o que fazer e temos mais proteção
Glória Teixeira lembra que mesmo que ainda não tenha sido feito um decreto federal neste sentido, é importante que a população comece a se cuidar mais. O médico de Família e Comunidade e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Renato Penha, lembra que essas mutações no coronavírus são comuns e esperadas e que, para continuarmos protegidos, é importante aumentar a cobertura vacinal contra a Covid.
“A gente está com uma média da população totalmente imunizada, ou seja, com pelo menos duas doses ou dose única, já na faixa dos 80%, mas isso varia de estado para estado e também de acordo com a faixa etária”, explica. Ainda de acordo com Renato Penha, o maior índice de pessoas vacinas está na faixa etária dos adultos, com poucas crianças até 12 anos tendo recebido ao menos duas doses da vacina. “Então, existe sim a possibilidade de a gente ter um aumento de casos novos que se configure como uma nova onda”, acrescenta.
Doses de reforço
Glória Teixeira destaca também que ainda é muito baixo o número de pessoas que tomou as terceira e quarta doses de reforço da vacina. E lembra que, ainda que estejam em circulação novas variantes, as vacinas existentes são eficazes para a nossa proteção. “O que essa vacina nos dá? Dá uma proteção contra a forma grave da Covid-19 e nos impede de ter óbitos. Então, isso é importantíssimo, porque nós vamos ter uma Covid mais leve”, diz a professora do ISC.
Leia também: Covid: Brasil poderia ter salvado 47 mil idosos e idosas com vacinação mais ágil
Os dois professores explicam que as pesquisas sobre vacinas que sejam mais eficazes seguem sendo feitas em todo o mundo. À medida que elas avançam, é possível que tenhamos outras doses de reforço contra a Covid-19 incluídas no calendário vacinal de adultos e crianças, assim como acontece, por exemplo, com a vacina da gripe, que segue sendo atualizada anualmente.
“A gente tem agora estudado muito possibilidade de outros tipos de vacina para aumentar a eficácia frente a esses novos tipos de variantes que vêm surgindo. Então, é possível que mais lá pra frente a gente tenha outros tipos de reforço no nosso calendário vacinal. E é importante que quem todos se atentem para a vacinação da Covid-19”, alerta Renato Penha.
Edição: Lorena Carneiro