Bahia

Projeto político

Confira o que candidatos a governo da Bahia propõem para a educação, saúde e combate à fome

O Brasil de Fato Bahia analisou os planos de governo de Jerônimo Rodrigues, ACM Neto e João Roma

Brasil de Fato | Lençóis (BA) |
ACM Neto (esq.), Jerônimo Rodrigues (centro) e João Roma (dir.) são os três candidatos com mais intenções de voto, de acordo com o AtlasIntel - Montagem

Depois de uma semana de intensos debates eleitorais, as divergências entre os projetos políticos dos candidatos e partidos ficou em destaque. No que se refere à eleição a governador da Bahia, as comparações são grandes. Para ajudar quem ainda está indeciso na escolha, o Brasil de Fato Bahia listou algumas propostas que constam no plano de governo dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. O ranking tem como referência o levantamento divulgado pelo instituto AtlasIntel nesta terça (27), que aponta Jerônimo Rodrigues (PT), ACM Neto (União Brasil) e João Roma (PL) no topo da preferência do eleitorado.

Escolhemos três temas que dialogam com desafios centrais para a parcela mais vulnerável da população baiana — combate à fome, educação e saúde. Segundo dados do IBGE de 2018, a Bahia é o segundo estado com mais lares em insegurança alimentar grave, perdendo apenas pra São Paulo. A vulnerabilidade social da população baiana se agravou após a pandemia, onde mais de 30 mil pessoas faleceram em decorrência da Covid, segundo a Secretaria da Saúde (Sesab), e a evasão escolar pode ter chegado a 30% em alguns municípios, de acordo com a Secretaria de Educação (SEC).

Combate à fome

O candidato Jerônimo Rodrigues afirma no plano de governo que sua prioridade é a erradicação da miséria, a redução da pobreza e o combate à fome. Para isso, propõe implementar o programa Bahia Sem Fome, de estímulo e apoio à produção e distribuição de alimentos saudáveis. Jerônimo traz ainda um capítulo sobre Segurança Alimentar e Nutricional, em que apresenta propostas como a implantação de restaurantes populares, fomento à agricultura urbana, implantação do Programa Estadual de Aquisição de Alimentos e de uma política estadual de abastecimento em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

No programa de governo do candidato ACM Neto, a palavra fome aparece em duas propostas apenas. Ele afirma que a Bahia precisa se reorganizar para participar ativamente da busca por novos investimentos para, assim, gerar emprego e renda e diminuir a fome no estado. Propõe também a estadualização do programa Agente da Educação e Cidadania para combater a evasão escolar e identificar vulnerabilidades, como fome e violência doméstica.

Não encontramos nenhuma proposta de combate à fome no programa de governo de João Roma.

Educação

A educação é um dos pontos com mais propostas nos três programas de governo analisados. Jerônimo Rodrigues traz em seu documento 16 seções com propostas para educação, ACM Neto apresenta oito seções e João Roma, cinco.

Dentre as propostas de Jerônimo Rodrigues para a educação básica, está a territorialização do ensino e ações de atenção à saúde mental nas escolas e fomento de um currículo do ensino médio que dialogue com os elementos regionais. Um dos projetos propostos pelo candidato do PT é o Educação Digital da Bahia, que pretende implantar conteúdos do saber computacional no currículo do ensino médio, além de garantir tablets para os estudantes da rede estadual. O programa contempla ainda propostas para educação profissional e para jovens e adultos, além da educação superior, para a qual propõe a ampliação da assistência estudantil e democratização de acesso.

O candidato ACM Neto apresenta em seu programa propostas para a valorização dos professores com um programa de valorização pelo mérito e ensino médio e profissional nucleados em tempo integral. O candidato pretende ainda dotar as escolas de infraestrutura tecnológica e promover formação para professores e gestores no uso adequado das mídias, desenvolver um sistema de cooperação com o ensino municipal, educação de jovens e adultos com profissionalização e mobilização das universidades estaduais para engajá-las em programas de inovação e pesquisa aplicada às vocações regionais.

O candidato do PL, João Roma, propõe a qualificação da infraestrutura escolar, valorização de professores e servidores da educação, aprimoramento do sistema estadual de gestão da educação, concentração da ação educacional na melhoria da aprendizagem, inclusive com a criação de novas escolas cívico-militares no estado. Ele propõe ainda o desenvolvimento da educação técnica, superior e profissional, com a formalização de parcerias público-privadas.

O programa de Jerônimo é o único dentre os três que inclui propostas para educação indígena e quilombola, educação do campo e educação para pessoas com deficiência.

Saúde

Na saúde, Jerônimo Rodrigues propõe priorizar o enfrentamento da Covid-19 e suas sequelas pós-adoecimento e da emergência da Monkeypox; ele pretende também incentivar a expansão da Atenção Básica com priorização da Estratégia de Saúde da Família; regular e garantir acesso à atenção especializada e estabelecer linhas de cuidado prioritárias, "dentre elas saúde mental, saúde das mulheres, idosos e crianças, da população negra, dentre outros seguimentos". O documento fala ainda em ampliar e consolidar a regionalização da saúde, além de qualificar a gestão do trabalho e ampliar a educação em Saúde.

O candidato ACM Neto traz em seu programa de governo a proposta de regionalização da saúde, uma nova forma de regulação do atendimento no SUS, voltada para o acompanhamento dos pacientes em todo o percurso do processo. Além disso, afirma que vai alcançar "fila zero para socorro, porta aberta para o SAMU e uma gestão hospitalar resolutiva e interiorização setorial". Traz ainda propostas para as zoonoses e cuidados com PETs e vigilância sanitária.

Já João Roma propõe em seu documento a criação do programa Médicos pela Bahia, que promete benefícios para a classe médica. Propõe zerar a fila de espera para consultas especializadas e marcação de cirurgias eletivas, redefinir e estruturar as unidades básicas de saúde e o atendimento de consultas e procedimentos de média complexidade. O plano fala ainda em interiorizar atendimentos de Alta Complexidade, melhorar o acompanhamento do Pré-Natal e promover a adequação das Maternidades, além de implantar acompanhamento médico nas escolas e reestruturar o PLANSERV. Seu programa, no entanto, não explicita como pretende implementar a maioria dessas propostas.

Edição: Lorena Carneiro