Nesta terça-feira (20), o candidato a deputado federal Damazio Santana dos Santos, conhecido como Mazo (PSB), denunciou através das suas redes sociais um ato racista na porta da sua própria casa, em Feira de Santana. No muro da residência, uma frase pichada: “Fique na senzala”. Ainda não há suspeitos sobre a autoria do crime.
Para Mazo, a violência sofrida por ele não é um caso isolado, mas sim um reflexo da nossa sociedade. “A escravidão que acabou foi a que tem correntes visíveis. Mas hoje em dia existe escravidão com correntes invisíveis. O sistema escravocrata ainda existe porque faz de tudo para ter a mão de obra mais barata possível e não a valoriza”, afirma.
Essa é a primeira eleição do candidato, que demonstrou interesse pela carreira política a partir de 2017. Antes dessa campanha eleitoral, no entanto, Mazo já se desafiou em diversos outros trabalhos. Já panfletou em sinaleira, foi vendedor de shopping, produtor de eventos, “mas no final de 2017, por conta da polarização no país, algo mexeu dentro de mim e fez com que eu tivesse a ideia de sair em 2022 para deputado federal”, salienta.
Apesar de reconhecer a gravidade do crime, Mazo opta por não levar a denúncia para as autoridades. “Eu não vou dar queixa, não vou procurar a polícia. E esse meu ato é uma manifestação. Primeiro, porque eu não sou filho de ninguém importante, pois caso fosse, isso já seria solucionado de alguma forma. Além disso, quem está na delegacia não vai se importar nem um pingo, e eu não vou me expor nesse nível para uma pessoa que não vai sentir a dor que eu sinto”, ressalta.
Representação na Câmara Federal
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54,9% da população brasileira é composta por pessoas negras. No entanto, de acordo com a Agência Câmara de Notícias, apenas 24,3% dos deputados eleitos em 2018 se autodeclaram negros. Mazo acredita que essa disparidade precisa ser transformada.
“Como pessoas negras, precisamos ocupar todos os espaços para também criar políticas públicas que vão fazer com que a vida do cidadão comum se torne algo melhor. Precisamos de diversidade no Congresso Nacional. O Congresso brasileiro precisa de pessoas de verdade”, ressalta o candidato.
“Que essa minha vontade impulsione outras pessoas a terem essa mesma vontade, porque todos os lugares nos pertencem. O Brasil foi e é resultado de sangue e suor de pessoas negras”, conclui.
Edição: Gabriela Amorim