Na manhã desta quinta-feira (15), diversas lideranças religiosas de Salvador se reuniram para o Dia do Ubuntu, uma iniciativa inter-religiosa em defesa da paz, contra o racismo religioso e o fundamentalismo. O grupo se reuniu no Terreiro Ilê Axé Toalegi, liderado por Mãe Rosa do Axé, para um abraço simbólico no espaço, que já foi alvo de diversas ameaças e ataques racistas ao longo dos últimos anos.
O abraço ao Terreiro Ilê Axé Toalegi aconteceu simultaneamente em outros estados do Brasil, como São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal. A ação foi proposta pelo Fórum Ecumênico ACT – Brasil, o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB), a Associação Brasileira de ONGs (ABONG) e a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político. Nos outros estados também foram organizados abraços simbólicos a terreiros que vêm sofrendo ataques racistas nos últimos anos.
Mãe Rosa do Axé descreve a iniciativa como “Um momento que representa a união e o respeito pra mostrar que nem todos têm preconceito. Mesmo sendo cristãs ou católicas, são pessoas que mostram que podemos andar entre eles. Tá tudo certo se todo mundo se respeitar”. Ela completa dizendo que o preconceito e a intolerância nunca partem dos povos de terreiros para os cristãos/as. “A falta de respeito é sempre deles com a gente.”
Em Salvador, o Dia do Ubuntu foi organizado pelo CEBIC- Conselho ecumênico Baiano de Igrejas Cristãs, CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço e Koinonia - Presença Ecumênica, e contou com uma ampla diversidade de lideranças. Estiveram presentes a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) Igreja Luterana, além de lideranças de outros terreiros, representantes da Comunidade da Trindade e do Movimento dos Focolares.
Bianca Daebs, Assessora para Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CESE, denuncia o aumento da intolerância no país e destaca o papel da ação. “No Brasil, o racismo religioso tem aumentado assustadoramente, principalmente contra as religiões de matriz africana. Por isso, fazer um ato interreligioso onde pessoas Cristãs abraçam simbolicamente um terreiro é tão importante. Neste ato, estamos dizendo que sim, é possível respeitar, dialogar e aprender uns com os outros. O amor é nossa maior bandeira”, ressalta.
Com informações da Cese.
Edição: Lorena Carneiro