O aumento do custo de vida no Brasil vem sendo sentido pela maioria da população. Um dos elementos que tem encarecido ainda mais a cesta de produtos de necessidade básica é o gás de cozinha. Com aumentos sucessivos, o produto já chega a custar mais de R$100 em algumas regiões do país, ou seja, quase 10% do valor do salário mínimo.
Nesse contexto, a população mais pobre sofre ainda mais os impactos da carestia. Como tentativa de amenizar o cenário, foi aprovado na Câmara e no Senado o Auxílio Gás. O benefício, que agora aguarda a sanção do presidente Bolsonaro, prevê o custeio de 50% do valor do botijão de gás para famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico.
Rita Capotira realiza um trabalho com mulheres no bairro de Itapuã, em Salvador, no qual elas fazem artesanato e desenvolvem a culinária local. Ela conta que o impacto de tantos aumentos no botijão de gás para as mulheres deste grupo pode ser visto no cotidiano. "Muitas de nós passamos a cozinhar com fogão de lenha, improvisando com lata de tinta ou usando churrasqueira, porque não tínhamos mais condição de cozinhar com gás de cozinha. As evidências sobre as nossas condições e exclusões da sociedade ficaram ainda maiores", explica Rita.
Mas o que está por trás dos preços atuais desse produto? Radiovaldo Costa, diretor de comunicação do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro BA), explica a causa principal de tantos aumentos. "Esses aumentos no preço do botijão estão diretamente relacionados com a atual política de preços implementada pela direção da Petrobrás, que corresponde a atrelar os preços ao preço do barril de petróleo no mercado internacional. Associa-se a isso a desvalorização do real frente ao dólar e os custos de importação dos derivados do petróleo", observa o dirigente.
Radiovaldo explica ainda qual medida seria efetiva para diminuir o custo do botijão de gás para a população brasileira. "Para implementar a prática do preço justo e evitar os sucessivos aumentos só tem um jeito: a direção da Petrobrás ou o próprio governo, que é o controlador da estatal, precisam internamente mudar essa política de preços. Só essa medida vai permitir uma redução do preço final para o consumidor, levando em consideração os custos de produção e de refino, que hoje estão, inclusive, diminuindo no Brasil", conclui.
Edição: Jamile Araújo