Nesta sexta (12), é comemorado o Dia Mundial do Hip Hop. Elementos como o grafite, o rap e o break são constituintes dessa cultura, na qual as mulheres, cada vez mais, constroem seus espaços. A data abre caminhos para refletir, justamente, sobre como as mulheres estão inseridas no hip hop.
Monique, que é grafiteira e arquiteta, fala sobre os desafios que enfrenta: "Infelizmente ainda há a invisibilização da atuação das mulheres dentro do movimento. Na música, por exemplo, as pessoas têm uma tendência a ouvir mais MCs homens do que mulheres. Eu que atuo no elemento grafite, percebo que ainda há essa questão de achar que pelo fato de ser mulher tem menos técnica, que não vai conseguir fazer o trabalho. São coisas que a gente tem que desmistificar todos os dias".
Udi Santos é mulher preta do subúrbio ferroviário de Salvador, rapper, produtora, Mc e representante da Bahia na Frente Nacional de Mulheres no hip hop. Ela comenta sobre o papel do rap feito por mulheres para a sociedade: "Tem a questão do lugar de fala, é uma mulher falando suas dores, seus sentimentos, suas vontades, seus desejos. E, normalmente, as coisas que as mulheres dizem incomodam muito. O rap já traz esse cunho de debater questões que são pouco ditas. Quando uma mulher traz esses assuntos, isso incomoda, mas também empodera outras mulheres".
Udi reflete ainda que, para minimizar as desigualdades mencionadas, é preciso incentivar a música feita pelas mulheres, "sendo colocadas em lines de shows, além de ter esse cuidado em relação a streams e redes. Ter essa valorização seria um caminho interessante", observa.
Monique compartilha que é preciso investimento público voltado para as mulheres negras para superar as barreiras encontradas. "Mais editais voltado só para mulheres negras, priorizando projetos nos quais as mulheres esteja a frente, para que a gente possa ter apoio para fomentar as nossas pautas", conclui.
Edição: Elen Carvalho