No dia 9 de Julho, Lua e Sol se encontraram em Câncer e demos início a mais uma lunação. Esse encontro de alto grau de intimidade aconteceu onde a Lua se sente afagada, no seu casulo/concha/casa/espaço/roupa predileta - ela está domiciliada.

Nosso exercício desta vez está em torno da maturação de inícios e processos que estejam conectados a nós de forma central, da mesma forma que o nosso estômago - reflitam sobre o ato de nutrir-se de forma ampla. Ciclos são para serem vividos e os aprendizados são possíveis em qualquer momento, entretanto serão acolhidos de forma distinta em um ciclo diferente. Se a gente dispersar do que é central e íntimo a nós nas próximas quatro semanas, podemos retornar ao eixo, porém dará mais trabalho fazer depois do que agora.

As águas de Câncer tem gosto salgado, pode ser do mar e também das lágrimas expurgadas de nós por culpa, carência e até mesmo por contemplação ao reconhecer do que somos capazes de fazer para sobreviver fisicamente/psiquicamente/emocionalmente.

No mapa da lunação, além dos luminares que se encontram na casa 5 trazendo temas em torno das artes/prazeres/riscos; me chama atenção uma conjunção entre Vênus e Marte em oposição a Saturno, no eixo leão e aquário - casa 6 e 12, que traz mensagens de possíveis conflitos que reforçam a necessidade do cuidado e atenção a vida das mulheres (cis e trans).

Em temporada canceriana tudo que está em torno da ancestralidade e feminilidade vem à tona. O cenário anterior, ao se somar a rede simbólica e ampla destes dois temas, ganham importância movimentos de construção de clãs fortalecidos, quilombos e aldeias no campo e na cidade, que sejam nossa retaguarda, onde podemos crescer e expandir quem verdadeiramente somos, em segurança. A luta pela terra está em torno disso, e das crias desta também.

Em cirandas do movimento feminista aprendi uma uma música que traz a seguinte parte "companheira me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem mas com você ando melhor”.

Precisamos seguir, juntas e juntos será melhor.

Seguindo o roteiro da viagem marítima deste ciclo, o mensageiro/ligeirinho dos céus — Mercúrio, ingressou  em câncer no dia 11/07, ficando nesta posição até dia 27, no mesmo dia em que ele transita para leão. Em câncer, nossa comunicação, racionalização, fica tangida por emoção, sensibilidade e se guia pela intuição. Portanto, quanto mais investirmos nessa tríade, melhor serão os nossos aprendizados. O exercício consiste em conectar memória intelectual e memória afetiva, dando a devida dosagem para trazer para o agora as informações registradas nas caixas arquivos afetivos da nossa vida. Tomem cuidado com o que/como/ e com quem falam, todo mundo está mesmo sensível, e com esse trânsito a sensibilidade acentua.

Dia 17, a Lua marca presença em libra, vibrando a sua fase crescente. Fará oposição a Plutão. Sensação de falta de segurança afetiva nas relações que estamos construindo podem vir à tona. Uma conjunção entre Vênus e Marte em leão pode nos ajudar a entender o que realmente é nosso desejo, vontade, e o que é mero espelhamento e aparência, para então seguir em frente. Fases crescentes da lua são momentos de recalcular rotas. Portanto se esse será um dos temas que vai aparecer, é porque precisamos ajustar nossa caminhada. Ainda que conflitos sejam necessários e parte natural da vida, a gente ajusta a rota para não colidir de forma desnecessária.

E seguindo falando dos assuntos venusianos, a Vênus ingressa em virgem no dia 21, e o ajuste feito na fase crescente da lua fará todo sentido, pois será nesse trânsito que vai nos ser ofertado o filtro para selecionar o que é superficial/falso e o que é verdadeiro/natural. Mercúrio, regente do signo de virgem, estando em câncer, a gente ainda faz esse processo seletivo de forma sensível, mas em condições levemente pragmáticas.

Dia 22, o astro rei ingressa em leão, e como vocês podem estar vendo já está rolando postagens nas redes anunciando sua chegada, e não são de astrólogas/os/es . Ele é assim, irradia seus raios para onde for possível, e é tanta luz que projeta sombras inimagináveis. Portanto estará aberta a temporada da atenção com nosso brilho, vaidades, egocentrismos, trabalho mais intencionalizado com a autoestima, e também com as sombras, que vão aparecer latejantes no dia 23 — na Lua Cheia em aquário.

Vênus em virgem e Júpiter em peixes também estarão em aspecto de oposição. A luz da Lua iluminará o mar agitado, cheio de oscilações (comum desta fase) e vamos precisar segurar firme no leme do barco que está sob a responsabilidade de nossa guiança. Temas relacionados às buscas que temos feito para conseguir separar fronteiras do nosso eu dos papéis que assumimos socialmente em diversas esferas da vida, emergem desse mar, e a segurança pode ficar abalada. Porém, o trígono entre Mercúrio em câncer e Júpiter em peixes, pode ajudar a acolher essa inquietude como grandes mudanças que estamos semeando. Nada muda verdadeiramente se não romper ou mexer drasticamente em algo (lembrem-se da estação que estamos vivendo: Inverno).

Dia 28, o grande abençoador Júpiter permanece no movimento retrógrado, porém muda do seu lar, e retorna para aquário. Nesse mesmo dia, Marte em leão e ele se opõe. Poderá ser desafiador conter impulsos, podemos passar dos limites, as idéias que estamos colocando para fora podem ser recebidas como exageradas. Na dúvida, opte por esperar, evitando desgastes e ações injustas. Espere o momento certo para atuar/conversar/impulsionar projetos, trabalhos, etc. Marte já ingressa em virgem no dia 29, e o ato de trabalhar é reforçado como ferramenta para conquistas. É um trânsito que dificilmente recebemos algo de mão beijada.

Continuando na linha trabalho, a Lua minguante desta lunação acontecerá no signo de touro, no dia 31. Além da quadratura entre ela e o Sol, também teremos diálogos tensos do Sol e Mercúrio com Saturno. Estabilidade pode ser consequência de uma série de coisas, principalmente de muito esforço e trabalho. Porém, vivemos em uma sociedade marcada e estruturada por sistemas de dominação e exploração, portanto, nem tudo é possível ser guiado/coordenado por nós. Avaliar com carinho, cuidado, sem autoflagelo, a rotina que temos levado na vida, será um dos movimentos mais importantes a ser feito. Acolher o fato de que nem tudo é do jeito que a gente quer será a escolha mais sábia e de auto amor que podemos fazer.

Abraços fraternos.
 

Edição: Jamile Araújo