devemos construir, principalmente, um projeto popular e sindical para a comunicação
No capitalismo contemporâneo, a ideia da comunicação como um serviço público foi abolida por meio das legislações regulatórias, com uma auto organização do próprio mercado privado. Com isso todos os sistemas, instituições e organizações de comunicação devem atender ao “mercado”, ou seja, o “interesse do consumidor”, perdendo, assim, o controle popular tanto a nível da qualidade quanto de conteúdo, moldando nossos símbolos, nossa cultura, nossos anseios de sociedade. Nos moldando através de seus “óculos ideológicos”, posições políticas, culturais e da nossa própria reprodução enquanto sociedade.
Com a difusão da internet das coisas (ou Revolução 4.0) a comunicação não ficou fora das grandes corporações, do mercado digital de lucros elevados, que são dominadas basicamente por cinco grandes empresas estadunidenses chamadas de GAFAM: Google (youtube), Apple, Facebook (Instagram, WhatsApp, Messenger), Amazon e Microsoft. São exatamente essas empresas que definem se o conteúdo produzido será mantido ou retirado. Com a ajuda de algoritmos e um enorme banco de dados das pessoas, analisam os perfis e “vendem/lucram” para as grandes corporações informações sobre consumo, gostos, todas as nossas interações, inclusive, por exemplo, podem decidir caminhos das eleições dos países onde atuam.
No Brasil, a concentração da comunicação está em apenas 6 famílias, e o acesso e controle da internet e sua infraestrutura de rede é feita por apenas quatro empresas que, juntas, concentram 80% de toda banda larga, redes de celular e TV por assinatura: Vivo, Claro, TIM, OI.
Nesse cenário geopolítico mundial, com toda essa concentração dos meios de comunicação, olhando para o Brasil, onde o controle tanto de conteúdo e de infraestrutura digital são regidas por dez empresas, quais são as saídas e tarefas para a classe trabalhadora?
Quando pensamos em comunicação sindical, pensamos diretamente no jornal, boletim ou panfletos. Mas, existem muitas outras ferramentas que podem ser usadas e pensadas. Depende necessariamente do público, qual classe ou categoria que queira atingir.
Aplicando isso à comunicação sindical, precisamos conhecer bem cada instrumento. Jornal, livro, cartilha, carro de som, vídeos e seus canais de propagação, bandeiras, pichação, boletim eletrônico, home page, canais de mensagens eletrônicas, blog, cartaz, adesivo, broche, cada um desses instrumentos é uma ferramenta para serem usadas, cada um tem uma função.
Para isso ser real e prático, temos que discutir como a comunicação sindical tem que se tornar popular. Utilizar a linguagem correta dessas ferramentas. Contudo, devemos construir, principalmente, um projeto popular e sindical para a comunicação, que seja integrando os sindicatos, os movimentos populares, trabalhando em sincronia e disputando a hegemonia dos grandes meios de comunicação da burguesia.
Edição: Elen Carvalho