Para contribuir no debate eleitoral de 2020 no estado, jovens do Sertão do São Francisco, Bacia do Jacuípe e região do Sisal, na Bahia, lançaram a campanha “Juventudes Presentes! Nossa participação faz a diferença”. Após encontros virtuais e oficinas, os jovens produziram uma carta política com 32 propostas, que foram apresentadas aos candidatos de municípios baianos.
A campanha também busca assegurar direitos previstos no Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013). As reflexões foram construídas coletivamente ao longo do ano a partir de oficinas realizadas pelo Consórcio das Juventudes da Bahia, que reúne o Movimento de Organização Comunitária (MOC), a Escola Família Agrícola do Sertão (EFASE) e o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP).
Uma proposta prioritária é o modelo de Educação Contextualizada. Para os jovens participantes da campanha, a educação convencional traz prejuízos à formação e identificação dos estudantes com seu território. Como conta Cinthia Araújo, moradora do município de Pilão Arcado: “Na aula de matemática, a gente aprende a medir um prédio, em vez de medir a área de uma roça. Quando a gente aprende o ABC, o ‘U’ é de uva, quando poderia ser de umbu”. Para ela, o estudo baseado em outras realidades não aproveita as potencialidades locais e incentiva o êxodo de jovens para cidades maiores.
Os participantes também trazem a necessidade de políticas de saúde específicas para as juventudes, como a atenção à saúde mental, a promoção da segurança alimentar e nutricional e o tratamento de doenças causadas por agrotóxicos. Também foram apontadas a promoção de debates sobre gênero, prevenção de infecções e doenças sexualmente transmissíveis, e saúde sexual e reprodutiva, sobretudo para evitar a gravidez precoce.
Outro ponto destacado é a garantia de trabalho e renda. Michel Pomponet, morador de área de reforma agrária na comunidade de Lagoa do Boi, em Santaluz, defende: “Investir em políticas de emprego para os jovens é fundamental para evitar o êxodo rural e manter as raízes e ancestralidades dos territórios”. Neste contexto, os jovens apontaram a importância da agricultura familiar, da assistência técnica continuada e do apoio ao escoamento da produção, além da execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
As propostas reunidas pela campanha foram enviadas aos candidatos ao cargo de vereador/a e prefeito/a nos diversos municípios da Bahia. Os jovens também promoveram uma live de lançamento e levaram o debate para as redes sociais. O objetivo foi incentivar candidatos a assumirem compromissos públicos com a campanha e estimular em outros jovens a reflexão e participação política. Leia aqui o resumo da carta.
Edição: Elen Carvalho