Bahia

OPINIÃO

FALA POVO | Qual cidade queremos?

Conversamos com moradores das duas cidades mais populosas da Bahia para saber o que pensam para as próximas gestões

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Hugo Dantas é morador de Salvador e Sandra Maria Oliveira é moradora de Feira de Santana. - Arquivo

 

Neste domingo (15), a população irá escolher quem vai ocupar as prefeituras e câmaras de vereadores nos próximos quatro anos. As eleições municipais de 2020 ocorrem num cenário incomum: de pandemia da Covid-19. Além das restrições devido às medidas de combate ao avanço do novo coronavírus, a população enfrenta as crises econômica, política, ambiental, sanitárias, agravando ainda mais a crise social.

O Brasil de Fato Bahia conversou com moradores das duas cidades mais populosas do estado, Salvador e Feira de Santana, sobre quais as questões mais urgentes de se enfrentar pelos próximos mandatários/as municipais. Entre eles, o tema da mobilidade urbana, saúde e educação. Confira!

Quais os principais problemas e mudanças que sua cidade necessita?

Sandra Maria Oliveira, dona de casa, moradora de Feira de Santana:
“Na situação que estamos em Feira de Santana, temos necessidade de várias coisas, entre elas: escola, infraestrutura, posto de saúde, marcação de consulta pelo SUS (Sistema único de Saúde), pois é uma dificuldade para marcarmos e muitas vezes nós morremos na fila esperando. O transporte é de péssima qualidade. Eu que moro em bairro longe, para pegar um ônibus é uma dificuldade. Aí eles ficam tentando tirar o ligeirinho*, mas para eles tentarem tirar, deveriam dar uma dignidade ao ser humano feirense, se pôr no lugar de cada um de nós”.

Hugo Dantas, assistente social, morador de Salvador:
“Salvador tem grandes problemas estruturais. Mas tem um elemento fundamental, que desencadeia vários outros problemas: a lógica escravista das relações de poder e relações sociais, a cultura em que essa lógica se mantém através do racismo. O racismo institucional, quando você coloca a população preta da cidade pra “mofar” lutando por uma consulta no SUS, através de uma prestação de serviço da prefeitura. A naturalização vem dessa cultura escravista. É naturalizado que tem que ir de madrugada conseguir uma ficha, pegar filas quilométricas para marcar uma consulta. Salvador é uma das cidades mais desiguais de nosso país, que tem maior número de pessoas analfabetas; a segunda capital em número de desempregados. Então é preciso enfrentar o elemento fundante: o escravismo e a sua perpetuação. Paralelo com a luta pela democratização da cidade, porque Salvador é uma cidade feita para a elite e para a classe média. Um exemplo é a questão da mobilidade urbana.

*Ligeirinho: transporte alternativo realizado com carros, que são populares em muitas cidades e/ou bairros, utilizado pela população diante das falhas do transporte público.
 

Edição: Elen Carvalho