Neste sábado (31), é comemorado o dia Nacional da Poesia, data de nascimento do poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade. Hoje trazemos uma poesia que reflete sobre o modelo mineral atual, onde a ganância saqueia recursos minerais, também saqueia vidas e sonhos, e destrói o futuro de comunidades. Em 1984, Drummond trouxe, em "Lira Itabirana", versos sobre os impactos da atividade mineral em sua cidade de nascimento, Itabira, em Minas Gerais.
Confira a poesia de Pablo Montalvão, militante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), morador de Senhor do Bonfim, norte da Bahia.
Diamantes que fere os olhos
Por Pablo Montalvão*
Tradicionais centenários quilombos.
De ancestralidade e bem viver, resiste!
Resistentes, os quilombos sobre a rocha, diamantífera.
A natureza chora, ao ser violentada,
Saqueado é o bem natural.
Para o capital mineral,
[recurso mineral!]
As cercas do extrativismo-mineral
Limita a um pequeno quintal
O mundo de brincadeiras das crianças.
De longe, a matriarca da janela
Tenta alcançar o eterno, horizonte
Mas a grande pilha de estéril,
[Feri-lhe os olhos].
Espanta o corpo, ao sentir a cólera!
Da grande maquina, de engolir diamantes.
Esmagadora da digna vida, trabalhadora!
Os milhões, em joias lapidadas ao luxo.
Luxo?
Desconhecido, ao suor nordestino!
[venda nos olhos].
A velha e sagrada arvore, resiste!
O histórico pé de Mulungu, ameaçado.
Sobrevive a própria vida humana,
[Desumanizada!].
A poeira encobre a fúria dos mega-motores
Infiltrados, no “território terra-abrigo”.
Ferve a luta pela vida,
A palavra de ordem. (não ao saque mineral!)
Na luta por soberania popular,
Insistir em viver, é revolucionar...
*Militante do MAM, morador de Senhor do Bonfim – BA
Edição: Elen Carvalho