Neste sábado (31), é comemorado o Dia Nacional da Poesia como homenagem ao escritor Carlos Drummond de Andrade, já que nesse dia é comemorado o seu aniversário. A poesia alimenta a alma e coloca em versos sentimentos, sonhos, histórias e vidas. A poesia está presente em diversas dimensões de nossas vidas, nas palavras-desabafos de um povo que se reinventa e cria alternativas de luta e resistência. Para marcarmos data, trazemos a segunda poesia da semana:
Negra como a noite
Por Letícia Araújo*
Hoje eu posso dizer que tenho orgulho de quem sou.
Isso me foi negado!
Eles queriam que a gente se visse como os renegados,
os que não mereciam o amor,
não mereciam uma vida digna,
o que não eram nem humanos,
mas hoje aprendi que preciso ter orgulho
do que eu sou
do que elas foram
e do que um dia seremos.
Mesmo que abusem em nos colocar num não lugar,
mesmo que digam que a minha cor não é bonita,
mesmo que tentem me roubar a auto estima,
eu tenho orgulho!
Me encontro em cada pedacinho meu que vejo em outras pessoas
negras!
“A noite é preta
e maravilhosa.”
Quando descobri que eu não era sozinha,
tive orgulho de mim,
dos meus traços,
da minha cultura
e do meu povo.
Desde então, tento fazer com que as pessoas que estão por perto
se orgulhem também.
E que a gente se olhe e se reconheça uns nos outros,
que tenhamos a nós mesmos como referências.
Nossos traços,
nossos jeitos,
nossos corpos,
negros,
pretos,
como a noite
nós somos.
*Escritora de Jequié-BA.
Edição: Elen Carvalho