Bahia

IMUNIZAÇÃO

Previsão de vacinação contra covid-19 na Bahia é para março de 2021

Governo fechou parceria com a Rússia para recebimento de 50 milhões de doses, mas testes ainda são necessários

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Todas as vacinas ainda estão em fase de teste. - Fotos Públicas/Govesp

O secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, declarou na terça-feira (15) que a “previsão mais racional” é de que a vacina para a Covid-19 seja aplicada na população baiana apenas a partir de março de 2021. O estado assinou acordo com a Rússia para fornecimento de 50 milhões de doses da vacina Sputnik V, a primeira contra coronavírus registrada no mundo, mas a Secretaria informa que o prazo para início da imunização depende de sua aprovação e registro junto aos órgãos reguladores no Brasil. Além disso, informou que a vacina, na rede pública, será prioritária para pessoas em grupos de risco.
O acordo de confidencialidade firmado este mês com o governo russo permite que o governo da Bahia tenha acesso a dados científicos relativos à produção da vacina. Estas informações sigilosas serão tratadas de forma confidencial e a partir delas o governo decide se quer dar continuidade ao projeto. Após isso, o protocolo deve ser submetido ao Comitê de Ética do Instituto Couto Maia (ICOM), em Salvador, ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conepe) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para autorizar a realização de testes. As informações, repassadas à Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (Bahiafarma), permitirão ao estado ter a tecnologia necessária para produzir o imunizante.
A Bahia é o segundo estado brasileiro a firmar acordo com a Rússia para produzir a vacina, tendo sido o primeiro o Paraná. Estados da região nordeste podem aderir a acordos e participar das pesquisas de vacinas que estão sendo testadas, como a norte-americana, a inglesa, a russa e a chinesa, no âmbito do Consórcio Nordeste, com cientistas dos nove estados. Ontem (16) o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) anunciou ter também aderido ao protocolo para aquisição de vacinas da Rússia, fazendo uma experiência baseada na Bahia.
 
Em fase de testes
Segundo a Secretaria de Saúde a vacina russa está sendo testada em cerca de 40 mil pessoas em todo o mundo. Ela utiliza a plataforma de adenovírus humano. Outras vacinas em estágio de pesquisa utilizam, segundo a Secretaria, adenovírus de macaco, por isso “seus efeitos e reações adversas precisam ser estudados por mais tempo”. Segundo o governador Rui Costa (PT), a vacina segue uma linha tradicional de produção de vacinas, já consolidada, mas o governo segue buscando parceria com outros laboratórios.
A Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, em Moscou, encontra-se na terceira fase de testes. Estudo publicado na revista científica “The Lancet” com resultados preliminares, abrangendo as fases 1 e 2 de estudos sobre a Sputnik V, indicou que a vacina é considerada segura e capaz de produzir anticorpos sem apresentar efeitos colaterais indesejáveis. Mas a terceira etapa, segundo especialistas, que testa sua segurança e eficácia em maior escala, envolvendo milhares de pessoas, é necessária para que a vacina seja aplicada na população. Na Rússia a aplicação em massa será simultânea aos testes da fase 3.
 
A prevenção ainda é o melhor remédio
A Secretaria de Saúde reforça que todas as vacinas ainda estão em fase de teste. Para o secretário Vilas-Boas, a ação na Bahia foi oportuna, já que “todos tinham preconceito com a vacina russa, devido a propagandas enganosas do Ocidente” e através desta parceria “o Brasil terá prioridade de 50 milhões de doses”. Ele destacou que a Anvisa só aprovará o uso da vacina a partir de resultados clínicos positivos. O secretário afirmou, ainda, que a vacina terá duas doses, com intervalo estimado de 21 dias entre elas, o que, segundo ele, é preocupante pois a aderência à segunda dose geralmente é menor.
Diante do risco de uma segunda onda da pandemia, como já aconteceu em países europeus, a Secretaria de Saúde reforça a importância de continuidade no uso de máscaras e o distanciamento social.
 

Edição: Elen Carvalho