A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) registrou, desde o dia 29 de julho até a última quinta-feira (3), pelo menos 23 tremores de terra na região de Amargosa, no Recôncavo da Bahia. Ao todo mais de 40 cidades baianas registraram tremores, chegando o maior deles a 4,6 graus de magnitude na escala Richter. Amargosa e São Miguel das Matas, segundo a Defesa Civil, foram os locais mais afetados.
Em live transmitida na última semana pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), o geólogo Rubens Antonio explicou que tremores de terra são comuns, significando descarregamento de múltiplas tensões sofridas pela crosta. Segundo o especialista, os tremores recentes se devem a “grandes e antigas falhas geológicas” e que continuarão acontecendo. E adiciona: “Apenas temos que nos acostumar e sermos informados cada vez mais rapidamente”.
O geólogo explica que os tremores ocorridos têm a ver com o momento em que a ilha que incluía parte dos terrenos do que hoje é a Bahia se chocou com a antiga África: “Fala-se muito da separação [mas], estes terremotos nossos são muito em função da antiga união, que ocorreu dois bilhões de anos atrás”. Nas palavras do especialista, os tremores são consequência das “feridas” produzidas por este choque. Outras “fraturas”, como a chamada Falha do Salvador, resultaram do avanço do mar, que provocou a separação das terras de Bahia e África, iniciada entre 200 a 150 milhões de anos atrás.
Rubens alerta que, apesar de não se poder prever quando ocorrerá um terremoto, é possível se preparar através de estudos científicos que acompanhem as atividades sísmicas do local. Na sexta (4) uma equipe de sismólogos e pesquisadores do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LABSIS/UFRN) chegou à região de Amargosa, para a instalação de nove sismógrafos que permitirão monitorar os tremores. Professores do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) acompanham a ação. Estudos como este poderão auxiliar a Defesa Civil e outros órgãos na preparação de procedimentos e respostas a futuros tremores.
Edição: Elen Carvalho