A real politik é igual a um jogo de cartas, e quem estiver com as melhores em mãos ganha o jogo. Bolsonaro sabe que não está com as melhores, já que os diversos crimes de responsabilidade que ele cometeu até o momento só lhe dão certeza de uma coisa: ele e sua família podem ser presos a qualquer momento. No entanto, ele sabe que está no jogo, pois ainda possui apoio de 1/3 do eleitorado, de uma parcela do legislativo e judiciário e, mesmo de forma tímida, dos militares. Por isso Bolsonaro utiliza-se do blefe como tática para ganhar tempo, ocupar posição e fortalecer-se.
Ele está blefando, primeiro fazendo-nos acreditar que a força da base social (milícias digitais, parte de agentes de segurança pública e das forças armadas, parcelas do empresariado e de grupos religiosos) lhe garantirá a segurança do mandato, e segundo, de maneira ardilosa, acentuando sua retórica golpista, atestando somente ele – o dito “Messias” - tem o poder de salvar o país do caos social e sanitário que está imerso.
Chegou ao fim as dúvidas quanto ao projeto de poder do governo. Os sinais que ele tem dado para toda sociedade são bem evidentes: o único caminho para Bolsonaro é constituir um governo de caráter neofascista. A polarização na sociedade é uma tática do seu governo neofascista, pois ele sabe que é necessário, neste momento, fragilizar as instituições e as representações políticas, e assim solapar a democracia.
A frequente participação de Bolsonaro em atos, o propagandeamento de ideias neofascistas, a afronta aos outros poderes e comprometimento das forças armadas no seu golpe político, são as táticas que fragilizarão aos poucos (e com força) a institucionalidade republicana instituída neste exato momento histórico.
Cabe nesse momento uma reação das formas progressistas e democráticas, pois já sabemos Bolsonaro quer implementar uma ditadura no país. As tristes marcas da ditadura militar de 1964 nos deixou uma lição: a farsa não pode se repetir. Não é possível deixar que a história se repita. É necessário que ele seja afastado do cargo imediatamente e que seja investigado e julgado pelos diversos crimes que tem cometido.
*Felipe Sena é educador e militante da Consulta Popular.
Edição: Elen Carvalho