Na última terça-feira (28), comemoramos o dia da Educação, parabenizando os milhares de professores e professoras, estudantes e todos que fazem parte desse importante processo. No entanto, esquecemo-nos que esta data também marca o dia da Caatinga, este bioma exclusivamente brasileiro e que muitas das vezes, quando não invisibilizado, é retratado como feio, improdutivo e sem vida. E convenhamos, só diz isso quem não o conhece de verdade!
Com nome de origem indígena, que significa “Mata Branca”, a caatinga é rica em flora, fauna e bens naturais, e dispõe de um imenso potencial alimentício, medicinal, genético etc, reafirmando suas inúmeras riquezas. Entretanto, ainda hoje, mesmo com todos os avanços científicos, ela ainda é desqualificada, reforçando o quanto a incompreensão das suas particularidades ainda não foi superada.
A caatinga historicamente tem sofrido de um grande problema: a maneira errada que nos relacionarmos com ela. Há décadas estamos a agredindo, contaminando os solos, águas, e, consequentemente, causando desertificação, expulsão de povos e comunidades tradicionais entre outras coisas.
Diferente de nós seres humanos, que muitas vezes não sabemos como agir, a caatinga tem uma tremenda perspicácia: nos momentos mais difíceis ela se protege, como por exemplo no período de estiagem, quando permite que suas folhas caiam, recolhendo-se e descansando até a próxima oportunidade de voltar a aparecer. Ela sabe que precisa proteger-se no momento certo! E nós seres humanos do que precisamos nos proteger?! Será que sabemos?!
O singelo ensinamento deixado pela caatinga, que se cuida quando necessário e volta para reivindicar sua exuberância, deve ser seguido por nós. Se não colocarmos um fim a essa forma de produção equivocada, onde só privilegia o lucro, deixando de lado relações harmoniosas e sustentáveis, estaremos decretando o fim não só da caatinga, mas de todos os biomas do planeta, pois a fome em explorar e a sede em destruir do capitalismo não acaba tão fácil.
É hora de colocarmos um fim ao capitalismo e ao seu rastro de perversidades. Precisamos lembrar que chegou nossa hora! O coronavírus veio nos lembrar que temos uma passagem pelo planeta e que ela precisa estar pautada pelo cuidado com o planeta e respeito a todas as formas de vida que habitam nele. Façamos desse dia um importante momento para ressignificar nossas concepções de cuidado, respeito, direito e agir na defesa da vida. Defendamos a caatinga, pois nós e ela somos um!
Felipe Sena é ambientalista e educador.
Edição: Elen Carvalho