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Do vírus à guerra: a fragilidade dos países afetados

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De forma oportunista e parasitária, o imperialismo norte-americano vem ditando as diretrizes do mercado financeiro internacional a serem seguidas neste momento. - Joyce N. Boghosian/Casa Branca
A pandemia é convergida, então, em elemento tático de guerra na corrida pelo fortalecimento do poder

Num mundo ideal, qualquer crise profunda levaria toda uma sociedade a se organizar, se solidarizar e buscar alternativas coletivas e humanizadoras para sua superação, tendo como centralidade a vida e não as coisas. Porém, no mundo real, diante de uma crise sanitária a nível global, o que impera é a intensificação das desigualdades sociais e o aprofundamento das contradições em todos os âmbitos, tendo como maior prejudicada a classe trabalhadora, principalmente as mulheres.


No contexto atual, essas contradições têm colocado em evidência que, para além de uma pandemia, o que está em curso é uma geopolítica da morte. O objetivo é se aproveitar da crise para reorganizar as forças produtivas mundiais e redefinir a divisão social, sexual e racial do trabalho. É difícil, muitas vezes, identificar e compreender estes elementos porque o fenômeno da pandemia, por si só, é muito grave e avassalador e nos coloca numa condição atípica de sobrevivência, em que é preciso muito esforço para vermos além do vírus.
Essa pandemia, apesar de ter seu desenvolvimento dentro da dinâmica natural da seletividade biológica, dentro de um sistema social caracteristicamente explorador e controlador não se define como um fenômeno isolado, mas se trata de resultado das formas de relação da Humanidade X Natureza. De tempos em tempos, fenômenos como estes assolam o mundo e carregam consigo um punhado de vidas (não muito diferente do que as guerras fazem). 


O que torna um processo desse não natural é o oportunismo do capital financeiro que leva nações inteiras a protegerem os lucros privados em detrimento das incontáveis vidas que são perdidas por ausência de políticas sociais que venham a minimizar drasticamente os efeitos de uma crise dessa envergadura. Estas vidas perdias são, portanto, resultado da arquitetura de um projeto hegemônico que utiliza o lucro com o parâmetro para definir prioridades e determinar quais tipos de relações serão estabelecidas para a superação da crise: se de solidariedade ou de competitividade.
Nossa sociedade, capitaneada pelos EUA, tem escolhido a geopolítica da morte. De forma oportunista e parasitária, o imperialismo norte-americano vem ditando as diretrizes do mercado financeiro internacional a serem seguidas neste momento. Sanções, bloqueios econômicos, atravessamento em acordos bilaterais, boicote às iniciativas de solidariedade entre países, em suma, o imperialismo Ianque vem aprofundando as desigualdades e transformando um fenômeno natural em uma arma biológica de destruição em massa.


O desdobramento desta movimentação se reflete na fragilidade dos países afetados e da vulnerabilidade diante dos blocos economicamente mais preparados para o enfrentamento da crise. Logo, a soberania nacional de cada país torna-se um elemento negociável. Quem ganha então? Obviamente que não é a classe trabalhadora. O resultado disso é o agravamento da crise social e aprofundamento das desigualdades via intensificação da exploração do trabalho de um lado e, do outro lado, a negação de direito à soberania nacional que possibilite a presença de um Estado que garanta serviços públicos em sua integralidade.   


A pandemia é convergida, então, num elemento tático de guerra na corrida pelo fortalecimento do poderio americano. Uma guerra “sem armas”, sem inimigo visível, mas que forçará toda a humanidade a redefinir suas formas de produção e reprodução da vida. Uma reorientação das forças produtivas, que ainda está em seu início, mas que caminha para sua consolidação em médio prazo: Revolução 4.0 – Tecnológica.
 

Edição: Elen Carvalho