A pandemia global da Covid-19 acendeu o alerta: a humanidade está doente. Mas, a pandemia que afeta a saúde das pessoas e que já atinge mais de 160 países é somente a ponta do Iceberg e o prenúncio da maior crise sanitária dos últimos tempos, resultante das contradições inconciliáveis na relação sociedade, natureza e saúde humana própria deste sistema econômico vigente. A questão de fundo desta crise é a insustentabilidade social, econômica, ambiental e política do modo de produção capitalista.
Há bastante tempo, ambientalistas e organismos de vigilância sanitária e saúde pública, cientistas políticos do mundo, denunciam os desequilíbrios ambientais e sanitários, resultados do extrativismo econômico, do uso de agrotóxicos na produção dos alimentos, e/ou proveniente da manipulação genética, ou na manipulação biológica de organismos vivos a serem utilizados intencionalmente como armas de guerra.
As contradições na relação sociedade, natureza e saúde humana se agudizaram tragicamente. Não podemos criar ilusões de que se trata apenas de uma “ gripezinha”. O mundo inteiro está lutando contra esse inimigo invisível e perigoso, que ainda não há vacina e nem medicação para combatê-lo. As economias no mundo estão paradas, o que trará um longo período de recessão. As maiores economias mostram-se vulneráveis nessa batalha. Tedros Adhanom Ghebreyesus diretor da OMS observa a dimensão dessa batalha que “(...) testará a confiança na ciência e coloca em xeque a relação entre lideranças política e seus cidadãos justamente quando essa relação estar corroída”. (Jornal El País 20 de março de 2020).
O combate à pandemia requer mais do que medidas sanitárias, exigirá principalmente transformações nos padrões de produção, distribuição e consumo de bens, bem como na relação entre sociedade, natureza, trabalho e o meio ambiente, pois, nem tudo pode ser transformado em mercadoria e negócio.
No Brasil, o risco de proliferação intensa da Covid-19 é real. Falta diagnóstico da doença, equipamentos de proteção para os profissionais da saúde, além de Unidades Intensivas de Tratamento em muitas regiões do país, o que torna urgente que o poder público adote medidas para fortalecer o serviço de saúde, orientar a população, prestar ajuda humanitária aos mais vulneráveis e controlar a proliferação do vírus. No entanto, o presidente Bolsonaro atua na direção oposta: desconsidera os riscos reais da doença, descumpri as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e manifesta que sua preocupação é com “os negócios” e não com a saúde e a vida das pessoas.
Venceremos a batalha contra o Covid 19 e os desmandos do governo, cultivando a solidariedade entre os trabalhadores empregados e desempregados do campo e cidade, e prestando a solidariedade e apoio aos que de nós necessitam, e ao mesmo tempo cobrando a ação responsável do Estado no combate a proliferação da corona vírus.
Ainda podemos crer que a humanidade pode se curar. Por isso seguiremos em resistência e na luta e defesa de um projeto de Brasil sustentável, justo e ecologicamente correto, onde a economia e a ciência estarão voltadas para cuidar e preservar a vida das pessoas.
Edição: Elen Carvalho