“É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
Esta frase é de Margarida Maria Alves, liderança do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande – PB, que lutou pelos direitos dos trabalhadores rurais e foi assassinada a mando de latifundiários em 12 de agosto de 1983. Desde 2000, mulheres trabalhadoras dos campos, das águas, florestas e urbanas organizadas realizam a Marcha das Margaridas, continuidade da luta de Margarida Alves, pelo fim da violência no campo, direitos trabalhistas, e contra todas as formas de violência e opressão.
Nos dias 13 e 14 de agosto deste ano, será realizada a VI edição da Marcha em Brasília e para entendermos sobre a marcha e como as mulheres estão se organizando para participar, conversamos com Ádila da Mata, Técnica do Movimento de Organização Comunitária – MOC. Confira a entrevista.
BdF BA: Como e por que surge a Marcha das Margaridas?
Ádila da Mata: A Marcha das Margaridas surgiu no ano 2000 através da inspiração de Margarida Maria Alves, uma liderança referência que defendia os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Através dessa marcha, mulheres se reunem para reivindicar os seus direitos. Essa foi a principal proposta da Marcha das Margaridas: reivindicar os direitos das mulheres trabalhadoras rurais.
Qual a importância da Organização das mulheres em defesa dos direitos?
Hoje as mulheres se unificam, sejam mulheres camponesas, das águas, das florestas, urbanas, se juntam e incidem politicamente através dessa marcha para alcançar a conquista de direitos.
A auto-organização das mulheres é o que, sem dúvidas, nos mantém de pé. É o que nos fortalece, nos motiva a continuar lutando. Lutando contra esse desgoverno, por tudo que já conquistamos. Unirmos nossas bandeiras e pautas. Somos mulheres diversas e quando a gente se junta, nós aumentamos a nossa força, nós crescemos. Então a importância é com certeza lutarmos juntas por nossos objetivos em comum, que é a garantia dos nossos direitos: liberdade, autonomia, contra a dominação e todas as formas de opressão e violência.
Quais são os principais desafios das mulheres trabalhadoras atualmente?
Nesse ano de 2019 os desafios para as mulheres são maiores por conta do governo que está aí nesse cenário político atual. O contexto não é favorável para as mulheres, nós vemos várias perdas de direitos. Direitos conquistados a duras penas, com suor de muitas mulheres que já marcharam e deram sua vida. Todas as conquistas que as mulheres alcançaram estão sendo perdidas agora. Então o principal desafio desse ano é a manutenção dos direitos das mulheres e acesso às políticas públicas específicas para elas.
Quais são as pautas e principais reivindicações da Marcha desse ano?
Diferentemente dos outros anos, não temos pautas para dialogar com o governo. Porque nós não aceitamos esse governo que está aí, um governo que invisibiliza a nossa luta, que não nos valoriza, não nos reconhece e não nos representa. As nossas principais reivindicações são: pela democracia, pela soberania nacional, contra o racismo, contra toda forma de violência e em defesa dos direitos humanos.
Quais são as expectativas de participantes para a Marcha das Margaridas 2019?
A expectativa da comissão nacional é que a reunião dessas mulheres e homens apoiadores seja de cem mil pessoas para estarem marchando em Brasília nos dias 13 e 14 de agosto. Da Bahia é esperado sair cerca de 20 ônibus. Nós convidamos todas e todos para estarmos juntos para reivindicar, colaborar, adotar uma Margarida porque essa luta é de todas nós.
Edição: Elen Carvalho