A 13ª edição do Fórum Social Mundial (FSM 2018) começou hoje (13) em Salvador, na Bahia, e tomou as ruas do Centro da cidade com milhares de pessoas, organizações e movimentos populares que marchavam em torno do lema “Resistir é criar. Resistir é transformar!”. A marcha teve concentração a partir das 15h, na Praça Dois de Julho, no bairro do Campo Grande, e seguiu até a Praça Castro Alves. A necessidade da retomada da democracia e da resistência contra os ataques aos direitos da população em todo o mundo marcaram a caminhada.
“A gente está aqui porque acredita em nosso país, e por isso não vai deixar de ir às ruas”, explicou Lígia Barreto, professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Ela também integra o Fórum de Educação do Campo. “A gente precisa ir para as ruas reivindicar direitos nossos, uma sociedade melhor, igualitária, porque educação é direito de todos”, disse.
O Fórum Social Mundial 2018 se propõe a ser um espaço de diálogo de setores organizados, mas também espaço de interação com a cidade em que se realiza. “Queremos demonstrar para o povo de Salvador, e da Bahia, e do mundo, que outro mundo é possível. Existem os movimentos sociais não só no Brasil, mas em todas as partes que lutam por um outro mundo, uma outra forma de organizar a sociedade, uma outra ordem econômica que não exclua as pessoas”, explicou Paulo César, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro) e integrante da Federação Única dos Petroleiros.
Segundo a organização do evento, o FSM 2018 tem também o objetivo de debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes antidemocráticos e genocidas que diversos países estão enfrentando nos últimos anos. Ao longo da marcha as críticas ao atual governo brasileiro eram presentes.
“É importantíssimo o Fórum estar acontecendo no Brasil e na Bahia, por conta do desmonte que o governo Temer está fazendo com nossas estatais e a retirada de direitos. E especificamente aqui na Bahia já que o governo está retirando a Petrobras da Bahia e do Nordeste, concentrando novamente renda e deixando nossa região e os outros estados ainda mais excluídos. Importante para que nossa voz, nossos problemas ganhem projeção mundial”, reforçou Paulo César do Sindipetro.
Rosa Marques veio de Recife (PE), ela integra a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e destacou a importância de estar no FSM 2018. “Pra nós, mulheres negras, é importante se visibilizar diante de uma estrutura extremamente racista que é este país. E o Fórum é um espaço onde as grandes maiorias, que chamam de minoria, mas somos a maioria nesse país, nos juntarmos a todas essas pessoas que tem algo em comum e mostrar para o mundo que as desigualdades existem e que a gente precisa se organizar para superá-las”, afirmou.
Para o jovem Carlos Santos da Luz, da Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai), o FSM 2018 e a marcha desta tarde são espaços de denúncia do genocídio da juventude negra. “Meu nome é Carlos Santos da Luz, e os Santos, Silva, Nascimento, todos esses nomes que estão morrendo, quem sabe outrora tivesse sido eu que tivesse morrido também. E para que isso não aconteça a gente está aí, está abrindo o vozeirão para mostrar ao mundo que a gente está vivo. E a juventude que está viva ela não ousa recuar, não vai dar nenhum passo atrás”.
O FSM 2018 segue até o próximo dia 17 de março. A maioria das mais de 1.300 atividades autogestionadas se concentram no Campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Edição: Elen Carvalho